ATA DA QÜINQUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 04.08.1997.

 


Aos quatro dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Qüinquagésima Sétima Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Executivo Municipal, o Projeto de Lei do Executivo nº 34/97 (Processo nº 2380/97); pela Vereadora Anamaria Negroni, a Indicação nº 83/97 (Processo nº 2286/97); pelo Vereador Hélio Corbellini, a Indicação nº 85/97 (Processo nº 2300/97); pelo Vereador Isaac Ainhorn, 20 Pedidos de Providências; pelo Vereador Nereu D'Ávila, 01 Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 111/97 (Processo nº 2076/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 64 e 134/97 (Processos nº 1262 e 2311/97, respectivamente). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 342/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que se ausentará do Município no dia seis de agosto do corrente, quando viajará a Brasília para participar de audiência com o Senhor Ministro dos Transportes. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 166/97, do Senhor Arno Hugo Augustin Filho, Secretário Municipal da Fazenda;  03/97,  do Senhor  Paulo  Roberto  Teixeira  Guerra, Gerente do GETES/DEFIN - BNDS; 05 e 07/97, do Vereador Antônio Graciano Pacheco, Presidente da Câmara Municipal de Guaíba/RS; 06/97, da Senhora Stelamaris Gluck Tinoco, Presidenta do Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS; 09 e 194/97, do Vereador Luiz Cláudio Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Gravataí/RS; 15/97, do Vereador Zoraido da Silva, Presidente da Câmara Municipal de Caxias do Sul/RS; 23/97, do Delegado de Polícia Nelson Soares de Oliveira, Chefe de Gabinete/CH/PC; 24/97, do Doutor Martinho Álvares da Silva, Presidente da Associação Médica do Rio Grande do Sul - AMRIGS; 31/97, do Deputado Federal Robson Romero; 33/97, da Direção e da Associação de Pais e Mestres da Escola Mãe de Deus; 67/97, do Senhor Martim Heberle,  Coordenador-Administrativo da SOS - Casas de Acolhida; 68/97, da Senhora Maria Augusta Feldman, Deputada Estadual/RS; 70/97, do Senhor Raul Gomes de Oliveira Filho, Presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul - ACPMRS; 71/97, do Senhor Heitor Tomé da Rosa, Coordenador do Ensino Técnico - DEM/DP/SE; 87/97, do Senhor Manoel Garcia Júnior, Presidente do Conselho Municipal de Entorpecentes - COMEN; Convites: do Reino do Oxum, para os festejos de aniversário de assentamento de Oxum - lá - Docô Ioromi e Oxum lê Panda Oro-Bomi; do GEEMPA, da THEMIS e do MEC, para o ato simbólico de substituição das carteiras de identidade, apenas com impressões digitais, das mulheres alfabetizandas do projeto "Aprender a ler e escrever de verdade". Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 95, 111, 115, 118, 119, 120, 121, 63 e 116/97, os dois últimos discutidos pelo Vereador Pedro Américo Leal; o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 89/97; o Projeto de Resolução nº 21/97; o Projeto de Lei do Executivo nº 27/97. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Luiz Braz, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, passando-se ao período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear a Rádio Farroupilha pelo transcurso de seu sexagésimo segundo aniversário, nos termos do Requerimento nº 89/97 (Processo nº 1307/97), de autoria da Vereadora Tereza Franco. Compuseram a MESA: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Roberto Barbosa Garcez, Coordenador de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, representando o Senhor Prefeito Municipal; o Senhor Roberto Pauletti, Diretor do Sistema RBS - Rádio; o Jornalista Alfredo Daudt, representando o Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Radialista e Deputado Estadual Sérgio Zambiasi, representando a Rádio Farroupilha; o Senhor Luiz Aguiar, Chefe de Programação da Rádio Farroupilha; o Capitão Eduardo Passos Mereb; o Vereador Paulo Brum, 1º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as presenças do Senhor Sérgio Araújo, representando o Diretor-Geral do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem, e do ex-Vereador Adroaldo Corrêa. Também, registrou o recebimento de correspondência alusiva à solenidade, de autoria do Senhor João Carlos Vasconcellos, da Empresa Porto-Alegrense de Turismo; do Tribunal Regional do Trabalho, 4ª Região; do Secretário Estadual César Schirmer. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Tereza Franco, como proponente da homenagem, comentou o significado da Rádio Farroupilha em sua vida e na de toda população de baixa renda, tendo em vista o trabalho social realizado por essa Emissora. O Vereador Antonio Hohlfeldt relembrou momentos marcantes ocorridos durante os sessenta  e dois anos  da  Rádio  Farroupilha,  ressaltando sua programação voltada para  a  denúncia dos  problemas  da Cidade e sua contribuição como  divulga<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm><D>dora cultural. O Vereador Hélio Corbellini parabenizou-se com a Rádio Farroupilha, destacando a atuação de vários integrantes desta Casa como profissionais nos meios de comunicação. Manifestou-se, ainda, sobre a importância do trabalho da imprensa na defesa dos direitos dos cidadãos. O Vereador Lauro Hagemann registrou recordações que guarda do tempo em que ingressou nos quadros da Rádio Farroupilha, no Setor de Reportagem, declarando representar essa Emissora um valioso capítulo na história do Rio Grande do Sul, como pioneira do radialismo gaúcho. O Vereador Luiz Braz discorreu acerca do trabalho popular e da grande audiência que a Rádio Farroupilha conquistou junto à comunidade gaúcha. Citou nomes que passaram por aquela Emissora, relatando dificuldades e transformações ocorridas no período de aquisição da Rádio Farroupilha pela RBS - Rádio. Na oportunidade, o Vereador Reginaldo Pujol registrou ter o Vereador Luiz Braz falado também em nome do Partido da Frente Liberal. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Roberto Pauletti, que, em nome de todos os integrantes da Rádio Farroupilha, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendeu os trabalhos, nos termos regimentais,  às quinze horas e vinte e um minutos, sendo os mesmos reabertos às quinze horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de "quorum". Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Dib, retomando pronunciamentos anteriores, teceu comentários acerca de resposta negativa enviada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre à solicitação de efetivar o pagamento de parte do décimo terceiro salário aos municipários. O Vereador João Motta discorreu sobre a possibilidade de coligação do PT e do PDT nas próximas eleições, salientando a importância da postura assumida pelo PDT frente às reformas neoliberais propostas pelo Governo Federal. Desejou aos colegas e à Mesa um bom trabalho legislativo neste segundo semestre. O Vereador José Valdir referiu-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, comentando as dificuldades enfrentadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre para realizar o pagamento antecipado do décimo terceiro salário aos municipários, em face das reduções tributárias e do repasse dos tributos aos municípios pelo Governo Estadual. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Ruas reportou-se ao discurso do Vereador João Motta, referente à possibilidade de coligação entre o PT e o PDT para as próximas eleições. Defendeu uma união de lutas e o estabelecimento de estratégias para combater o neoliberalismo. O Vereador Gerson Almeida discorreu sobre propagandas veiculadas pelo Governo Estadual, declarando objetivarem elas a promoção pessoal do Governador do Estado. Apoiou, ainda, a construção de uma frente para combater a política neoliberal, a qual considera de exclusão social e aprofundamento da miséria da população. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Juarez Pinheiro comentou a importância deste Legislativo e as suas responsabilidades frente à população. Traçou paralelo entre as políticas salariais do Município e do Estado e, finalizando, manifestou-se acerca do ato público a ser realizado contra a privatização do Grupo Hospitalar Conceição. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib deu continuidade à sua análise de informações enviadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre quanto ao não pagamento antecipado de parte do décimo terceiro salário aos funcionários municipais. O Vereador Cláudio Sebenelo, referindo-se ao pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, discorreu acerca da situação financeira apresentada pelo Grupo Hospitalar Conceição, salientando os reflexos nesse quadro da reintegração de funcionários anteriormente demitidos por aquele Grupo Hospitalar. Após, o Senhor Presidente informou já estar sendo distribuído Parecer da Procuradoria da Casa, acerca da legalidade dos projetos de lei que autorizam o Poder Executivo a tomar medidas administrativas ou funcionais. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Décio Schauren, solicitando alteração na ordem de votação dos projetos. Em Votação Nominal, 2º Turno, foi aprovado o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/97, por trinta votos SIM, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença de representação diplomática da Coréia do Norte, convidando a integrar a Mesa dos trabalhos os Senhores Kim Riang San, Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores da Coréia do Norte, e Kpak Yok, Cônsul desse país. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Kim Riang San, que, em tradução simultânea efetuada pelo Senhor Kpak Yok, declarou sua satisfação por visitar este Legislativo, solicitando o apoio de todos à busca do restabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Coréia do Norte. A seguir, o Senhor Presidente procedeu à entrega de exemplar do livro "Porto Alegre: à beira do rio e do meu coração" ao Senhor Kim Riang San. Às dezessete horas e nove minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos às dezessete horas e doze minutos, constatada a existência de "quorum", dando-se continuidade à ORDEM DO DIA. Na ocasião, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97, foi apregoada a Subemenda nº 01, de autoria do Vereador Paulo Brum, subscrita pelo Vereador Gerson Almeida, à Emenda nº 01; foi aprovado Requerimento do Vereador Eliseu Sabino, solicitando dispensa do envio da Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 para apreciação de Comissões Permanentes; foi deferido pelo Senhor Presidente Requerimento do Vereador Eliseu Sabino, solicitando a votação em destaque da expressão "pública" constante do artigo 1º do Projeto e da ementa do Projeto; foi apregoado Requerimento do  Vereador Eliseu Sabino, solicitando a retirada do pedido de votação em destaque <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>do § 1º do artigo 1º da Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97, com ressalva do destaque a ele apresentado, após ser discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Eliseu Sabino, Paulo Brum, Adeli Sell, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel, Carlos Garcia, Gerson Almeida, Maria do Rosário, Elói Guimarães, Hélio Corbellini e Cláudio Sebenelo. A seguir, em destaque, foi votada e rejeitada a expressão "pública" constante do artigo 1º e da ementa do Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97. Em verificação de votação, efetuada por solicitação do Vereador Isaac Ainhorn,  foi aprovada a Emenda nº 01 aposta a este Projeto, por dezoito votos SIM e dez votos NÃO, após ser igualmente aprovada em sua votação simbólica, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco e votado Não os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Nereu D'Ávila e Pedro Américo Leal. Também, foi aprovada a Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 03/97. Durante a discussão deste Projeto, os Vereadores Luiz Braz e João Dib cederam seus tempos para os Vereadores Eliseu Sabino e Maria do Rosário, respectivamente. Na ocasião, o Vereador Renato Guimarães, informando estar ocorrendo um motim no Instituto Central de Menores da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, FEBEM, solicitou fosse constituída comissão para acompanhamento dessa situação. Também, a Vereadora Maria do Rosário, como Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, prestou informações acerca da situação observada no Instituto Central de Menores da FEBEM. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença do Maestro Frederico Gerling Júnior, acompanhado da Senhora Adriana de Almeida, os quais convidaram a todos para a estréia da Ópera  Carmem, a ocorrer dia onze de setembro, às vinte horas e trinta minutos, quando deverá ser realizada uma homenagem especial aos duzentos e vinte e quatro anos deste Legislativo. Também, foram registradas as presenças do Senhor Olívio Dutra, ex-Prefeito Municipal de Porto Alegre, e do Professor Paulo Egon, ex-Presidente do CEPERS - Sindicato, e foi aprovada a prorrogação dos trabalhos, nos termos regimentais. Após, o Vereador Reginaldo Pujol formulou Requerimento verbal solicitando a suspensão da presente Sessão, tendo  em vista estar marcado para as dezoito horas e trinta minutos o comparecimento na  Casa do Senhor Prefeito Municipal.  Às dezoito horas e trinta e cinco minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm> foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e  secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  Estão abertos os trabalhos.

Passamos à

 

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1238/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/97, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que proíbe a realização de pesquisas e enquetes, junto a ocupantes de veículos em semáforos, no Município de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 1434/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre a criação de um Museu do Desporto no Município de Porto Alegre. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 1537/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 095/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre estacionamento ao longo do Arroio Dilúvio.

 

PROC. 1778/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que faculta a colocação de sinalizadores físicos móveis (placas ou cones plásticos) nas proximidades das escolas de 1º e 2º graus localizadas no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1842/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/97, de autoria da Vera. Sônia Santos, que institui a Semana Municipal da Bíblia no Município de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

PROC. 1874/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/97, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que cria a obrigatoriedade de divulgação de mensagens educativas em material impresso e promocional do Município ou empreendimentos patrocinados.

 

PROC. 1897/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 118/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que dispõe sobre a abertura de shows internacionais que ocorrerem no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1918/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 119/97, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui o Dia Municipal do Síndico de Condomínios em Edificações no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 1925/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 120/97, de autoria da Vera. Sônia Santos, que denomina Praça Eunice Jacques um logradouro público localizado no Bairro Teresópolis.

 

PROC. 1935/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 121/97, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Luiz Gerd Pasqualini.

 

PROC. 1947/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 021/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que altera a redação dos incisos I dos artigos 147 e 148 da Resolução nº 1178, de 16 de julho de 1992, com as alterações das Resoluções nºs 1232, de 25 de abril de 1994, e 1250, de 30 de agosto de 1994, acrescentando-se parágrafo único em ambos (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). (leitura de trecho da Bíblia no início das Sessões Ordinárias)

 

PROC. 2004/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 027/97, que autoriza, na forma do art. 12, inciso I, da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, a permuta de próprio municipal situado na Rua Marcelo Gama, fundos do nº 478 da Rua Germano Petersen Júnior, por imóvel de particular localizado na Rua Marcelo Gama nº 1135.

 

O SR. PRESIDENTE: Para discutir, tem a palavra o Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, raramente venho à tribuna para discutir ou para apresentar qualquer sugestão sobre a Pauta. Prefiro ouvir e me dou por satisfeito, porque  com a elucidação dos meus colegas sou capaz de votar.  Na verdade, não causo nenhum transtorno à discussão porque ela se dá naturalmente.

Mas hoje tenho dois projetos. Um deles é singelo. O que é um projeto singelo? É um projeto cuja simplicidade por si só dispensa maiores comentários. É um projeto que até certo ponto eu fui levado pela opinião de certas pessoas, mas também constatei nas sinaleiras, e agora está desaparecendo esse problema, pelo que deixo os meus colegas Vereadores perfeitamente à vontade para votarem. Está desaparecendo, repito, esse entrave, que eram verdadeiras enquetes feitas aos motoristas por ocasião da parada do seu veículo. Isso causava tumulto, certos desastres, impedia  que certos veículos dessem o início a sua trajetória, prejudicando, assim, muito a disciplina no trânsito. Então resolvi proibir essas enquetes. Vejam bem, as enquetes.  Não a abordagem para a distribuição de propaganda ou de folhetos de quaisquer espécies, mas as enquetes, que são um verdadeiro interrogatório que se fazia nas sinaleiras, perguntando onde a pessoa mora, qual seu telefone, qual a preferência e a forma de veranear, ou seja, completamente inadequado para um trabalho numa sinaleira. Isso prejudicava a partida de veículos. Já assisti abalroamentos, desastres rápidos, sem grande monta, batidas na traseira de veículos que estavam à frente e que, repentinamente, pela raiva de serem detidos, abalroavam os que estavam à sua frente.

Este é um projeto que deixa os Vereadores completamente à vontade, porque desapareceram as enquetes como que por milagre. Quando apresentei o Projeto aqui, há alguns meses, desapareceram essas enquetes. Não sei se houve alguma causa ou efeito desse Projeto.

Outro Projeto que tenho aqui é “Não às drogas”. Na verdade, é uma guerra perdida que a humanidade trava contra esta famigerada droga. O que será que ameaça o mundo? Uma verdadeira serpente, um polvo com os tentáculos que sufocam a mocidade, preferida por ela para disseminar a droga por todo o mundo. O poderoso Estado americano não sabe como resolver este problema. Gasta milhões de dólares e não apresenta uma solução adequada. Temos que fazer qualquer coisa. Então, me lembrei, numa atitude também singela, de fazer uma evocação à Prefeitura. Aqui, peço aos meus colegas do PT que ajudem. O que podemos fazer como legisladores? Quase nada. E os nossos meninos, os nossos rapazes estão-se esvaindo, estão-se drogando, estão-se indo aos nossos olhos. Precisamos dizer um basta às drogas. Então, repentinamente, lembrei-me de que poderia fazer alguma coisa, porque ninguém diz nada para a droga. A própria religião Católica, a Evangélica, todos ficam como que petrificados diante  do problema, e não investem contra o monstro.

 Eu resolvi, aqui, tomar uma posição: vamos dizer “não”, vamos dizer qualquer coisa contra eles. Não! E é essa a minha posição, e peço,  no último dia de Pauta, que os meus colegas Vereadores saibam por que fiz esses dois projetos. Sempre me dedico a projetos de segurança pública e preocupei-me agora com dois assuntos que não são da minha alçada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento):  Sr. Presidente, uma vez que teremos uma homenagem  hoje à Rádio Farroupilha, e dado que as pessoas que representam a empresa já se encontram aqui, em nossa Casa, peço que iniciemos a homenagem à Rádio Farroupilha e depois prossigamos com o período de Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE:  Perfeito. Em votação o Requerimento do Ver. Luiz Braz para a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se imediatamente ao Grande Expediente, logo após dando continuidade ao período de Pauta. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passo, neste momento, a direção dos trabalhos ao nosso Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. PRESIDENTE  (Clovis Ilgenfritz):  Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Grande Expediente de hoje - o décimo desta 1ª Sessão Legislativa Ordinária - é destinado a homenagear a Rádio Farroupilha pelos seus 62 anos. O Requerimento 089/97 é de autoria da Vera. Tereza Franco.

Queremos convidar a participar da Mesa: o 1º Secretário, Ver. Paulo Brum, que já está conosco: o representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre e Coordenador de Comunicação Social da Prefeitura, Jornalista José Roberto Barbosa Garcez; o Diretor do Sistema RBS - Rádio, Sr. Roberto Pauletti; o representante da Rádio Farroupilha, o Radialista e Deputado Estadual Sérgio Zambiasi. Queremos, também, convidar para integrar a Mesa o Chefe de Programação da Rádio Farroupilha, Sr. Luiz Aguiar, e também o representante da Brigada Militar, Cap. Eduardo Passos Mereb.

 Com a Mesa composta, queremos dar início a este Grande Expediente, convidando a nossa querida Vera. Tereza Franco para fazer a saudação ao 62º aniversário da Rádio Farroupilha em nome da Casa.

 A Vera. Tereza Franco está com a palavra.

 

A SRA. TEREZA FRANCO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Não poderia imaginar, nunca, em minha vida, que estaria aqui hoje a homenagear os 62 anos de existência da Rádio Farroupilha. Estou aqui como Vereadora, representante do povo de Porto Alegre, para comemorar junto com vocês uma festa que também é minha. Há 12 anos tive uma chance única em minha carteira, a de tê-la assinada como recepcionista na Rádio Farroupilha e ter como amigo o Zambiasi. Queria falar sobre a Rádio, sobre seus diretores e funcionários. Queria dizer que nessa rádio todos nós fizemos um pouco para ajudar os nossos semelhantes. Queria mostrar aos meus amigos Vereadores e ao povo de Porto Alegre como é importante  uma emissora de rádio que se preocupa com o povo pobre, humilde do nosso Estado, mas acho que isso nem é preciso, pois minha presença aqui na tribuna representa a cadeia de solidariedade que sou, irradiada pela Rádio Farroupilha e seus  comunicadores, como o Zambiasi e o Gugu. Tenho pouco a dizer pelo muito que tenho a agradecer a esta Rádio que muito significou em minha vida. Parabéns à Rádio Farroupilha e a todos que lá trabalham, aos colegas. Obrigada. (Palmas.)

Gostaria de chamar o Diretor da RBS - Rádio, Dr. Roberto Pauletti, para que pudesse passar a ele a minha singela homenagem. (Palmas.) E também o meu padrinho, Deputado Sérgio Zambiasi,  responsável por eu estar nesta tribuna hoje, a quem homenageio com muito carinho e respeito. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Com a licença da Vera. Tereza,  peço que faça parte de nossa Mesa o Jornalista Alfredo Daudt, presença que muito nos orgulha, representando o Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul. O Sr. Daudt também é jornalista e já  atuou nesta Casa, como assessor.

 

 A SRA. TEREZA FRANCO: Chamo agora, para homenagear, o Sr. Luiz Aguiar, Coordenador da Rádio Farroupilha. (Palmas.)

Agradeço a presença da Sra. Dalva, que também trabalha conosco e que veio nos prestigiar na data em que comemoramos os 62 anos da Rádio Farroupilha.  Há l2 anos que recebo esse carinho na Rádio Farroupilha. Muito obrigada.

                     

(Não revisto pela oradora.)     

 

O SR. PRESIDENTE: Após esse momento de emoção e do discurso da ilustre Vereadora e das entregas de homenagens, continuamos com o Grande Expediente, chamando os Vereadores inscritos hoje. E, como os nossos convidados já devem saber,  no Grande Expediente existe uma inscrição de Vereadores que nem sempre coincide com os que desejariam e estariam interessados em falar. Seguramente, todos estão, mas há momentos em que a representação é necessária.

Hoje, o primeiro inscrito, além da Vera. Tereza Franco, é o Ver. Isaac Ainhorn, que está cedendo o seu tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz, Srs. Vereadores, muito especialmente o Dep. Sérgio Zambiasi, aqui como jornalista que todos nós admiramos e conhecemos através do microfone da Rádio Farroupilha, companheiro Roberto Pauletti, Luiz Carlos Aguiar, meu querido Motinha, que está de serviço e que é  referência nas ruas da Rádio Farroupilha, a Dalva e a Salete Silva, que deixou a sua área mais burocrática de atendimento para nos acompanhar e que representa a emissora mais popular do Rio Grande do Sul. Quero também cumprimentar o companheiro Daudt, na representação do Vice-Governador, ao representante da Brigada Militar, ao companheiro representante da Prefeitura Municipal, agradecer ao Ver. Isaac Ainhorn a cedência do seu tempo.

Não poderia deixar de estar presente num determinado momento por dois motivos para fazer essa homenagem aos 62 anos da Rádio Farroupilha no meu nome particular e em nome de meus companheiros Anamaria Negroni e Cláudio Sebenelo, do PSDB. Em primeiro lugar, porque, indiscutivelmente, a Rádio Farroupilha é uma  presença importante no conjunto do rádio sul-rio-grandense. Não por um acaso, esta rádio, que hoje faz 62 anos, foi ao ar, pela primeira vez, em 1935, exatamente no Centenário da Revolução Farroupilha, de onde tirou o nome de Rádio Farroupilha. E tirou, também, na sua primeira fase pioneira, alguns dos objetivos básicos: desbravamento do rádio brasileiro, a idéia de uma emissora potente, porque, relativamente à época, era uma proposta absolutamente nova que se trazia para a Rádio Farroupilha, e, sobretudo, a idéia de resgatar algumas questões básicas que haviam sido tema de um século atrás, no Rio Grande do Sul, e resgatar o povo deste Estado.

A Rádio, ao longo desse tempo, viveu vários episódios, viveu várias fases. Hoje, sem dúvida, é uma emissora diferenciada em relação àquela que iniciou, mas é, sobretudo, uma emissora que numa coisa ela se mantém fiel: está ligada ao povo do Rio Grande do Sul. E não é por um acaso que a nossa companheira Tereza Franco ocupou o microfone, ainda há pouco, não só para fazer as suas homenagens como a oração formal que, de uma certa maneira, representa, aqui, sim, Tereza, não só pela tua eleição, mas representa pela tua voz toda aquela imensa quantidade de público que nós somos  obrigados a cruzar, queira ou não, e ouvir, queira ou não, durante toda a manhã, através do rádio do vizinho, do rádio da empregada, do rádio do motorista de táxi, do rádio do cobrador, do rádio de todo o mundo que está de rádio ligado, porque está ouvindo o programa do Sérgio Zambiasi, pela manhã. Ele sabe disso e todos nós sabemos disso. Mas não é só o Sérgio, não. Se ele é o carro condutor, nós sabemos que outros horários da Rádio também mantêm uma presença muito forte.

Mas eu quero pedir licença aos representantes da Rádio para falar da Rádio Farroupilha que eu conheci, porque eu cresci com a Rádio Farroupilha e acho que muitos de nós, aqui, crescemos com a Rádio Farroupilha. Era a emissora que realmente sintonizava-se no Rio Grande do Sul, pelo menos em Porto Alegre, com toda a certeza. Eu me lembro, e tive a oportunidade de fazer, aqui, uma primeira homenagem, no primeiro ano como Vereador, uma homenagem que, agora, no ano passado, o Ver. Lauro Hagemann completou com outro tipo de encaminhamento, de uma figura típica da Rádio Farroupilha, que era o Pinguinho. Mas o Pinguinho não trabalhou sozinho. Ele trabalhava com o Walter Brodt. E essa é a primeira memória que eu tenho da Rádio Farroupilha, porque o Pinguinho e o Walter Brodt faziam a atração do horário do almoço. Fazia um pouco do papel do Vereador. Walter Brodt, o alemão, sapateiro, desancava a Prefeitura e o Governo do Estado para valer e criticava aquilo que tinha que ser criticado e tinha uma audiência fantástica porque, exatamente, tocava nos problemas do Estado, da Cidade e do País e falava a respeito daquilo que a população de um modo geral falava. Eles eram literalmente a voz da população do Rio Grande e de Porto Alegre.

A Rádio Farroupilha também teve uma outra  atração fantástica. Se chamava Darci Fagundes e seu Grande Rodeio Curinga, dos domingos à noite,  e foi com esse programa que aprendi o que era rádio e cultura do Rio Grande do Sul, porque uma das grandes presenças do Grande Rodeio Curinga era o conjunto Farroupilha,  que também levava o nome VARIG, de uma certa maneira, para todo o mundo  com a música do Rio Grande. Eram indissociáveis: o Darci, trazendo uma música e uma poesia de primeiríssima qualidade nas tradições do Rio Grande, e o programa sempre culminava com o desafio final  de dois trovadores que ocupavam  dez, quinze minutos finais da programação final do Grande Rodeio. Era um programa obrigatório.  Era aquilo que hoje, felizmente ou infelizmente, a telenovela faz: trancar todo mundo em casa em certos horários.  O  Grande Rodeio Curiga fazia isso aos domingos com todos nós com relação ao rádio. Eu era um guri de calças curtas, cinco, seis anos de idade, pequenininho, Ver. Clovis, sem dúvida, mas com uma memória muito forte do que foi esse programa. Lembro que a gente ficava na sala ouvindo o programa e sabendo dos nomes daqueles homens e mulheres que levavam a cultura do Rio Grande do Sul.

Faço aqui duas referências: Pinguinho e Walter Brodt, em um tipo de programação que falava dos problemas da Cidade. Uma emissora que tem na sua história alguém como o Darci Fagundes e o Grande Rodeio Curinga não é por um acaso que chega a 62 anos e não é por um acaso que tem a audiência que tem. É  evidente que o rádio mudou - naquela época não tinha FM e nem a possibilidade do estéreo. Naquela época se ligava o rádio e se ouvia simplesmente o som local.

Quero completar essa homenagem trazendo um terceiro elemento, que era o auditório da Rádio Farroupilha, o auditório ali da Rua 7 de Setembro, que foi depois destruído. Era um auditório onde se juntava muita gente, onde Alfred Huelsberg era o maestro da Orquestra da Rádio Farroupilha, e de onde muita gente surgiu, muita gente trouxe a sua música, onde muita gente mostrou, pela primeira vez, seu talento.

São três aspectos completamente diversos da Rádio Farroupilha, mas que dizem bem o que foi essa emissora num determinado momento. Pioneira na proposta de programa, mantendo - como se dizia na época, Sérgio - um “cast” significativo de nomes do rádio do Rio Grande do Sul, para não falar, evidentemente, das radionovelas. O que a minha mãe chorava depois do almoço, aí por uma hora, uma e meia da tarde, com as radionovelas lacrimejantes que a Rádio transmitia naquela época, era um negócio fantástico. Tinha umas novelas magníficas.

Concluo, Ver. Clovis Ilgenfritz. Uma coisa, realmente, se perdeu no rádio, que era toda essa contra-regragem que permitia que a radionovela fosse ao ar, porque o que imaginávamos dos folhetins radiofonizados, com os barulhos de tiros, galopes, enxurradas e coisas desse tipo, o que provocava a cabeça da gente através da radionovela, e que era a radionovela da Rádio Farroupilha, evidentemente, naquele tempo, nenhuma outra tinha capacidade para fazer isso. Era um negócio fantástico.

Portanto, ao Sérgio, ao  Pauletti, ao Aguiar, à Dalva, ao Motta, enfim, a todos os companheiros que hoje levam a Rádio Farroupilha, um outro tipo de rádio, com outra dinâmica, mas levam com a mesma preocupação de realmente falar com a população; à Tereza, que está licenciada, mas que certamente não se afasta da Rádio, ao Ver. Luiz Braz, que foi da primeira equipe da nova fase da Rádio, depois de adquirida pela RBS; enfim, a todos aqueles companheiros que fizeram a história da Rádio Farroupilha, os técnicos, aquelas pessoas que atendem da manhã à noite na emissora, a minha homenagem. Acho que a Rádio Farroupilha tem uma história fantástica, e é muito bom podermos comemorar esse aniversário nesta Casa no dia de hoje em nome da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

         

O SR. PRESIDENTE:  Queremos considerar como extensão da Mesa o  Sr. Sérgio Araújo, que representa o Diretor-Geral  do DAER, e também a Sra. Dalva, que já foi citada no discurso. Cumprimentamos o Jornalista, ex-Vereador, sempre Vereador, Adroaldo Corrêa.

 O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra. Falará em nome do PT e do PPB.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nesta homenagem à Rádio Farroupilha, numa Câmara onde  vários são os Vereadores que vêm da área da comunicação, da imprensa, vários Vereadores que passaram e tiveram a sua vida como parte da história, da formação de várias dessas empresas, deixaria os dados históricos da homenagem a eles, que, certamente, serão  mais ricos do que aquelas datas que eu poderia referir.

 Deram-me a honra o meu Partido e o PPB de representá-los hoje e fazer algumas reflexões nesta Casa, tendo, como símbolo, essa Rádio. Não é por nada que tenho muita honra, e a minha honra é maior porque podemos, pelo caráter e perfil dessa  Rádio, pensar no momento por que o País passa hoje, um momento em que se luta contra o arbítrio, contra a intolerância. Um momento extremamente delicado em que todos nós temos, ainda, que relembrar o  respeito a todas as instituições, o respeito aos Executivos, o respeito aos Legislativos, o respeito à Justiça e à liberdade de opinião, e a Rádio Farroupilha é um dos instrumentos que a defende. Quantos jornalistas e radialistas tombaram na busca da informação, na luta para dizer aos seus segmentos, aos seus ouvintes o que acontece em determinado lugar, em determinado momento, em determinada época! Essa é a importância de uma rádio.

Os meios de comunicação, por mais críticas que se possam fazer a eles - e a Rádio Farroupilha  é um veículos desses -, como instituições, são peças fundamentais na manutenção da democracia e na história da consolidação dos espaços democráticos de nosso País.

O papel da imprensa, por exemplo, e não é necessário alargar a nossa memória, no “impeachment” do Governo Collor, em todos os fenômenos e fatos políticos, sócio-econômicos e culturais, é fundamental.

No mundo atual, em que todos nós falamos e analisamos o processo de globalização, a rádio - e a Rádio Farroupilha está incluída, há 62 anos - encurta as distâncias e faz o mundo ficar mais pequeno e próximo de quem? Daquele mais excluído, de quem todos os parlamentares, aqui, vêm,  cotidianamente, em defesa da sua dignidade, da sua honra e dos seus espaços. A Rádio Farroupilha, nesse cotidiano singelo, está,  como  já afirmou  quem me antecedeu, permanentemente, cotidianamente, presente na vida, no dia-a-dia do cidadão comum, como se abrindo espaço e resgatando a vontade que esses cidadãos têm de dizer à sociedade aquilo que eles mais anseiam, aquilo de que eles mais precisam, aquilo que daria mais dignidade a esses companheiros.

A Rádio Farroupilha tem história no Estado, e a história vai ser, tenho certeza, melhor, como já disse, lembrada por outros,  mas, na legalidade, ela teve um papel fundamental aqui no Estado e no Brasil, que marcou a minha juventude naqueles idos de 1960. 

Meus companheiros, a responsabilidade dos dirigentes dessa entidade, dessa instituição, dessa Rádio, é fazer, cada vez mais, com que a  Rádio permaneça sempre fiel, defendendo os princípios que consolidaram e enobreceram essa entidade na sua história, defendendo a legalidade, defendendo o direito de opinião, de organização, defendendo todo o direito de quem foi eleito de ter a sua opinião em qualquer hipótese e de qualquer forma, como já fizeram nesta história dos seus 62 anos. Meus parabéns, Rádio Farroupilha, e que tenha uma longa vida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  O próximo orador inscrito é o Ver. Lauro Hagemann, que está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente; ilustríssimos Senhores componentes da Mesa;  Senhoras e Srs. Vereadores. Tenho a honra e a responsabilidade de falar também em nome do companheiro Carlos Garcia, representante do Partido Socialista Brasileiro.

Nesta Sessão de homenagem à Rádio Farroupilha, minha mente é atropelada por emoções indescritíveis. Recordo-me, como se fosse hoje, dos 15 anos da Rádio Farroupilha, comemorados no dia do seu aniversário, 24 de julho, no Theatro São Pedro. Eu recém havia ingressado nos quadros da Rádio. Dentre os vários programas que a Farroupilha, uma instituição gaúcha por excelência nesse campo de atividade, desenvolvia e que foi esquecido havia o setor de notícias, do qual eu era um dos representantes - permitam-me modestamente dizer - dos mais expressivos, porque a Rádio Farroupilha era uma das cinco emissoras brasileiras que transmitiam o Repórter Esso: Rádio Jornal do Comércio, do Recife; Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte; Rádio Nacional, do Rio de Janeiro; Rádio Tupi, de São Paulo; e Rádio Farroupilha, de Porto Alegre.

 Essa  emissora, que havia sido inaugurada dia 24 de julho de 1935, nas homenagens prévias do centenário da Revolução Farroupilha, teve como um dos seus diretores o Sr. Arnaldo Ballvé, conterrâneo do então Presidente do Estado, General Flores da Cunha. Mais tarde, o Sr. Arnaldo Ballvé constituiu a Rede de Emissoras Reunidas, da qual a Rádio Santa Cruz foi a pioneira e onde comecei minhas atividades há 51 anos.

Convivi com a Rádio Farroupilha durante 17 anos: de 1950 a 1967. A Rádio Farroupilha é um importante capítulo na história da comunicação social deste Estado. Na sua freqüência de 600 quilociclos, com 25 quilovates de potência, canal exclusivo internacional, que, posteriormente, por razões  empresariais foi trocado com a Rádio Gaúcha, a Rádio Farroupilha era o cartão de visitas do Brasil perante os vizinhos do Cone Sul e do resto da América e levava a voz do Rio Grande ao restante do Brasil. A Rádio Farroupilha teve um papel importante na divulgação das tradições culturais do Rio Grande. As músicas tradicionais foram divulgadas em primeira mão pela Rádio Farroupilha. Ela era a terceira emissora de Porto Alegre. A Gaúcha, inaugurada em 1927; a Difusora, em 1932, e a Farroupilha, em 1935, vieram se somar a algumas poucas emissoras que havia no interior do Estado.

 A Rádio Clube Pelotense foi a primeira emissora do Estado, inaugurada em 1926, anterior à Gaúcha. Depois vieram as rádios da Fronteira: a Imembuí, de Santa Maria, e a Charrua, de Uruguaiana. Posteriormente, vieram as emissoras de Porto Alegre, principalmente a Farroupilha, que, com sua extraordinária potência, ocupou o espectro radiofônico deste Estado durante pelo menos três décadas. É uma história longa, importante, a ser ainda devidamente registrada, pesquisada, para que a sociologia, a história antropológica, econômica e política deste Estado possa ser escrita em termos mais reais. Claro que a Farroupilha, como qualquer ente, tem o seu caminhar. Sessenta e dois anos são longos anos. Recordo também, com muita nitidez, de uma agressão sofrida pela Rádio no dia 24 de agosto de 1954, por ocasião do suicídio de Getúlio Vargas. Fui um dos últimos a sair do prédio da Rádio Farroupilha, ali no alto do viaduto, onde hoje é o Edifício Dom Felipe - a Farroupilha ocupava o andar térreo e a Difusora o andar superior. Por ali passaram  radialistas famosos que se transformaram em símbolo do Rio Grande, entre eles Maurício Sirotsky Sobrinho, quando veio de Passo Fundo, e muitas outras figuras notáveis, inclusive políticos notáveis que depois se transformaram em nomes deste Rio Grande.

Tudo isso o tempo foi-se encarregando de remover, de revolver, de ultrapassar. Mas o que não pode ser ultrapassado é a vocação da emissora de serviçal do Rio Grande. Serviçal no bom sentido, não de subserviente, mas que trata o povo do Rio Grande de cabeça erguida. Apesar das vicissitudes por que passou, ela continua ainda iluminando o espectro radiofônico desta Cidade, capital do Estado, e do Rio Grande do Sul, fazendo aquele trabalho de união com as comunidades, hoje, além fronteiras do Mercosul. E tomara que assim seja! Tomara que os  que hoje detêm a responsabilidade de conduzir a Rádio Farroupilha tenham a compreensão do papel com que ela foi originada e pelo qual trilhou muitos e muitos anos, abrindo caminhos a muitos assuntos que são pertinentes a nossa vida cotidiana. Que eles tenham a percepção, a compreensão e a responsabilidade de levar adiante esses propósitos e que a sociedade rio-grandense possa sempre se orgulhar da sua Rádio Farroupilha.

Meus parabéns a todos, aos companheiros que não puderam vir aqui, mas que estão a postos como sempre. Quando o Sindicato dos Radialistas foi criado, a Rádio Farroupilha tinha mais de 400 funcionários na sua relação de empregados. Tinha orquestra, tinha “cast” de radioteatro, tinha produtores, transmitiam-se os esportes mais variados - fazia-se de tudo na Rádio Farroupilha. Hoje infelizmente a Rádio adquiriu um outro sentido e estamos, de certa forma,  regredindo, mas é a vida. Parabéns, e obrigado à Vera. Tereza Franco por ter proporcionado esta Sessão para nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estávamos comentando, aqui, com o Deputado Sérgio Zambiasi: atualmente, são 40 funcionários - 10%. Queríamos registrar correspondências recebidas da EPATUR, do Sr. Vasconcellos; do Tribunal Regional do Trabalho, 4ª Região; do Secretário César Schirmer, da Secretaria de  Agricultura e Abastecimento do Estado, cumprimentando pela homenagem à Rádio Farroupilha e desculpando-se por não estarem presentes.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Somente para informar à Casa que o Ver. Luiz Braz concordou em falar também em nome do Partido da Frente Liberal, o que nos deixa muito tranqüilos de que a Rádio Farroupilha será pelo nosso Partido muito bem homenageada.

 

O SR. PRESIDENTE: Também entendemos assim. Está com a palavra o Ver. Luiz Braz. Repetimos que o Ver. João Dib havia cedido o seu tempo ao Ver. Hélio Corbellini. São homenagens feitas em comum.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, também tenho a honra de falar em nome do PDT, de acordo com a solicitação feita por sua Liderança, presente na Casa.

Cumprimento o Sr. Presidente, Ver. Clovis Ilgenfritz, e hoje, como radialista, o Presidente do meu Partido, Deputado Sérgio Zambiasi; e cumprimento a todos que estão aqui presentes. Somente uma pessoa com a sensibilidade da minha querida amiga Tereza Franco poderia, realmente, lembrar-se de pedir um Grande Expediente para homenagear esta que é a principal emissora do campo popular no Rio Grande do Sul, que é a Rádio Farroupilha, que  completa hoje 62 de existência.

Tereza, essa emissora é tão importante para mim, e eu me sinto tão bem em vir aqui que, enquanto ouvia o Ver. Lauro Hagemann e o Ver. Antonio Hohlfeldt falando sobre os tempos áureos da Farroupilha, eu me lembrava de que, quando  cheguei aqui em Porto Alegre, no ano de 1975, a Farroupilha já não atravessava um período tão áureo, mas ela ainda tinha alguns grandes expoentes em termos de audiência. Só para citar: um dos grandes nomes que tinha um programa na Rádio Farroupilha, às 8 horas da manhã, com uma audiência, se não comparável à do Sérgio Zambiasi, mais ou menos do mesmo nível, era o Omar Cardoso. Outro dos grandes nomes que passaram pela Rádio Farroupilha, e que faço questão de citar, porque  é da época em que eu trabalhei lá pela primeira vez, foi o do Teixeirinha, que tinha um programa com audiência muito grande, pois ele representava muito para o público no Rio Grande do Sul.

Assim, eu cheguei na Farroupilha, e quem me apresentou para os diretores para que eu fizesse o meu primeiro programa de rádio aqui, no Rio Grande do Sul, foi um companheiro desta Casa - quero prestar, também a ele, a minha homenagem, já que ele foi o responsável por eu ter iniciado a minha trajetória no rádio aqui neste Estado: o meu amigo Dilamar Machado, hoje não mais Vereador nesta Casa, mas um nome que eu respeito pelo muito que representou na minha trajetória inicial, que foi na Rádio Farroupilha.

A fase ruim, a fase final: quando a Farroupilha ainda estava ligada às Emissoras  Associadas, que já estavam no seu término, no leito de morte, praticamente, a Rádio Farroupilha foi adquirida por homens que têm, realmente, muita visão. E aqueles homens que têm muita visão e por isso constroem um verdadeiro império no campo das comunicações aqui, na nossa região, eles, quando adquiriram a Rádio Farroupilha, foi para fazer com que ela fosse a melhor emissora no seu gênero. Eles não a adquiriram só para ter mais uma emissora de rádio em seu poder - naquela época acompanhei as gestões iniciais. Eles adquiriram a Farroupilha para que fosse o que existisse de melhor no campo das comunicações neste gênero popular. E por isso eles não pouparam esforços para transformar a Farroupilha no que é hoje. Eles colocaram bons equipamentos, contrataram bons profissionais. E, naquela época, eu já despontava como um dos profissionais que tinham programa no campo popular com maior receptividade pelo público, e fui o primeiro profissional, no campo das comunicações, contratado pela Farroupilha para fazer programa nesta segunda fase.

 E a minha felicidade ainda é maior, porque isto aconteceu lá pelo ano de 1982, quando eu começava a minha trajetória nesta Casa, e também, no ano de 1982, iniciava a sua trajetória na Rádio Farroupilha, muito embora no campo do rádio já tivesse iniciado há algum tempo, este que eu acho, com todo o conhecimento que eu tenho de rádio no campo popular, que é o maior fenômeno das comunicações que temos aqui, no sul do País: o meu amigo Sérgio Zambiazi. Ele pegou a Farroupilha num estágio de uma emissora que estava iniciando uma grande guerra, uma grande competição com outras emissoras que estavam tentando ganhar campo exatamente neste setor de audiência. Não foi uma luta simples. Ele não pegou uma emissora que já estava, na verdade, ponteando as pesquisas do IBOPE. Ele pegou uma emissora que estava iniciando uma grande guerra e, mercê  do seu poder de comunicação, comunicação  que conseguiu, inclusive, passar para outros comunicadores que fazem a linha da Rádio Farroupilha - se ligarmos a Rádio Farroupilha desde o início de sua programação, vamos notar que os apresentadores têm, mais ou menos, o mesmo time, têm  mais ou menos o mesmo tipo de entonação -, esse poder que teve o comunicador Sérgio Zambiasi de repassar aquilo que tem de melhor como comunicador para os outros fez com que essa emissora fosse esse gigante que é hoje no Rio Grande do Sul.

Tenho, realmente, uma admiração muito grande pela Rádio Farroupilha e pelo que ela consegue fazer nesse campo, já que quase todas as emissoras que faziam o mesmo tipo de programa como o que apresenta hoje o meu amigo Sérgio Zambiasi não mais existem. Mas eles conseguem fazer uma emissora com aquele tipo de comunicação popular, fazendo com que o grande público possa absorver essa comunicação como se fosse um alimento necessário ao dia-a-dia, para  que essas pessoas possam prosseguir a sua caminhada. É assim que os comunicadores da Rádio Farroupilha, os empresários, os produtores, todos aqueles que fazem parte dessa empresa, conseguem fazer com que ela se mantenha muito viva e seja, nos dias atuais, uma coisa extremamente necessária para as pessoas.

Parabéns à Rádio Farroupilha, parabéns a todos os Senhores por esses 62 anos de existência! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Reafirmo que é uma honra  ser Presidente da Casa neste momento em que se homenageia a Rádio Farroupilha. Não sou radialista, mas transitei por essas plagas, durante todos esses anos, nos discursos que foram feitos. O Ver. Antonio Hohlfeldt, que é muito mais jovem, fez um discurso de historiador. E os Vereadores Lauro Hagemann, Corbellini e Luiz Braz, que representaram esta Casa, fizeram discursos com conhecimento de quem participou dessa emissora, principalmente os dois radialistas. Queria dizer aos homenageados que continuaremos fazendo questão de que essa data se repita para que, também no ano que vem,  a Rádio Farroupilha seja mais uma vez homenageada. Parabéns à Rádio Farroupilha pelos seus 62 anos de história, de produção artística e produção cultural para o nosso Estado!

Concedemos a palavra ao Sr. Roberto Pauletti, Diretor do Sistema RBS de Rádio.

 

O SR. ROBERTO PAULETTI: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero fazer um rápido pronunciamento, dividido em duas partes. Em primeiro lugar, não só representando o Sistema RBS de Rádios, mas também o nosso Presidente, Dr. Nelson Sirotsky, e o nosso Diretor-Geral, Dr. Geraldo Corrêa, dizendo que estamos muito agradecidos e recompensados, porque isso que os Senhores  nos proporcionam hoje, e em especial a Vera.  Tereza Franco, é o reconhecimento de um trabalho sério, um trabalho que é perseguido diariamente e feito com talento, amor, força e dedicação  por todas as pessoas que trabalham na Rádio Farroupilha. E, em segundo lugar, quero estender-me um pouco, aproveitando o espaço, para agradecer especificamente ao Gugu, que aqui não está, ao Morelli, que aqui não está, ao Rosemberg, ao Motta, ao Aguiar da Dona Dalva, a todas aquelas pessoas comandadas pelo competente e amigo radialista Sérgio Zambiasi, que são, realmente, a alma da Farroupilha. Todos  são pessoas que fazem da Rádio uma extensão de suas vidas. São pessoas que não estão lá apenas  cumprindo o horário de trabalho, mas que fazem daquele ambiente a sua casa. Esse trabalho tem o referendo popular diariamente,  porque as pessoas que procuram a Rádio, que participam da sua  programação, todas elas referendam essas atitudes e esse comportamento. Essas pessoas todas nos elogiam pelo nosso tipo de comportamento. Agradeço a elas também, assim como agradeço a vocês, em nome da Direção-Geral da Empresa, porque estamos muito satisfeitos com essa distinção que vocês nos proporcionam agora.

A Rádio Farroupilha permanecerá no objetivo a que se propõe, que é de falar, de abrir uma janela para todas aquelas pessoas dessas classes menos favorecidas  que vêem, na Farroupilha, a condição de poderem externar as suas preocupações. E lá as pessoas que fazem a programação estão sempre dispostas, assim como nós estamos sempre preocupados em fazer um bom trabalho. Muito obrigado.

                   

     (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a todos pela presença. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às l5h21min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 15h28min): Estão reabertos os trabalhos. Em Grande Expediente, o Ver. João Nedel cede seu tempo ao Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Pediria especial atenção da bancada petista para o que agora vou falar.

Já disse que é absolutamente desumano ter o remédio e negá-lo peremptoriamente ao doente, principalmente quando o remédio está sobrando.  Não posso entender uma Prefeitura que tem superávit e que coleciona dinheiro no sistema financeiro, dinheiro que representa 1/12 do 13o salário mensalmente, e não o dá aos seus servidores para minimizar a sua doença, que é a falta de dinheiro. É profundamente desconcertante, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a resposta do Secretário Arno Hugo a este Vereador. Diz ele que “o Governo Municipal é sensível a vossa solicitação de antecipação de parcela da gratificação natalina aos funcionários municipais.

A atual conjuntura, especialmente no que tange à política de juros altos empregada pelo Governo Federal, impõe aos funcionários que recorram ao sistema financeiro para captar recursos, uma dura realidade de agravar sua situação financeira, uma vez que comprometem uma parcela maior dos seus vencimentos futuros”. O Secretário reconhece aquilo que foi afirmado desta tribuna: os servidores pagam juros de 10,12,15,20, 25%, e ele põe no sistema financeiro e não ganha dois. Mas, como sempre, ele diz assim: “Por fim, o Governo Municipal tem adotado a política de pagar os vencimentos mensais dos servidores municipais rigorosamente em dia, sempre no último dia do mês, conforme legislação municipal”. É verdade. Com exceção de uma vez, quando eles ensaiaram atrasar o pagamento e tiveram uma reação violenta deste Vereador. Eles não tentaram mais, até porque Deus escreve certo por linhas tortas. O Prefeito Olívio Dutra, em janeiro de 1990,  declarando que não tinha dinheiro para pagar os municipários, pois precisava de 70 milhões de reais, depositou, no sistema financeiro, para fazer parte da ciranda financeira, 107 milhões. E por aquelas coisas que acontecem, o recibo dos 107 milhões foi para um depositante do Banco, que era meu amigo e me deu cópia. E recebeu a Prefeitura os 10 mil que o meu amigo tinha depositado. Desde então, eles não tentaram mais, mas é bom que se conheça que todos os meses, em todas as oportunidades que surgem, eles tentam terminar com a bimestralidade. Sempre ameaçam terminar com a bimestralidade, como  se passar por esta Câmara fosse uma coisa muito fácil.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é desonesto, neste País, fazer retroagir a lei para tomar o dinheiro dos servidores municipais ou de quem seja. A lei só retroage para beneficiar. Em julho de 1991, o Dr. Olívio retroagiu a lei e tirou 30% do poder aquisitivo dos servidores municipais. Esta Casa, no dia 13 de dezembro de 1991, depois de cinco meses de insistência deste Vereador, disse que entraria na Justiça contra a má-aplicação da lei. Depois, ficou por isso mesmo. Como nós vamos entrar na Justiça contra uma lei que nós mesmos votamos? E a lei ficou por isso mesmo e os 30% não foram recuperados. Em maio de 1995, o Dr. Tarso Fernando, à semelhança do Dr. Arno Hugo, também resolveu tomar o dinheiro dos municipários  através de uma liminar, liminar que considerava inconstitucional uma ação direta de inconstitucionalidade a uma lei proposta pelo Dr. Tarso Fernando e aprovada por unanimidade por esta Casa. Foi na Justiça, em 22 ou 23 de maio, e ele recebeu a liminar declarando inconstitucional o art. 7º da Lei.

Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia 30 de abril, os municipários tinham direito a 11% de reposição salarial na forma da lei vigente. O Prefeito, advogado trabalhista, que até hoje diz, nos jornais, que é um advogado de renome, reconhecido - ele é que declara -, não hesitou em tomar o dinheiro dos municipários, que já não é deles. Ao invés de 11%, depois de mostrar a força que tinha não dando nada em maio, não dando nada em junho, ele pagou 3,2%  e ficou devendo 7,8,  e agora a liminar caiu. O Tribunal Pleno do Rio Grande do Sul diz que não tem mais liminar. Qual é o homem honesto que não paga a sua conta? Por que não voltou atrás  para pagar o dinheiro dos municipários, pelo menos aqueles 7,8 que ele tomou? Por que não devolver o dinheiro dos municipários? Para  colocar no sistema financeiro a 2% ao mês ou menos do que isso? O próprio Secretário da Fazenda declara que reconhece as dificuldades que atravessam os municipários porto-alegrenses. Por que ficar com o dinheiro do municipário?

Está aqui o jornal “O Charrua”, do Montepio dos Funcionários Municipais, e tem uma frase, que já disse aqui: “maior número de  funcionários de cargos em comissão é igual a menor salário para todos”. A Prefeitura do Partido dos Trabalhadores empregou muitos trabalhadores: de 17 mil passamos para 25 mil. A Prefeitura do Partido dos Trabalhadores nunca admitiu o limite de servidores por número de  habitantes. Se pretendeu fazer isso na Lei Orgânica. O Partido dos Trabalhadores se colocou contrariamente. Temos 25 mil servidores na Prefeitura. Claro, quantos  cargos em comissão ninguém sabe. Quantos estagiários?  Oitocentos, mas no passado não tinha nem oitenta. Por isso que mais funcionários, mais cargos em comissão é igual a menos salário para todos! E o Prefeito ainda retroage  leis para tomar dinheiro de dentro do bolso do municipário, como fez em julho de 1991 e como repetiu em maio de 1995 o Dr. Tarso Fernando! Agora, o Dr. Arno Hugo tenta me dizer que a Prefeitura não tem  dinheiro. Coitadinha! Não sei o que faço  com o superávit, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mas, de qualquer forma, eu ainda desejo a esses desalmados, maus, saúde e paz. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)            

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de saudar a todos, Vereadores e Vereadoras, pelo reinício dos trabalhos legislativos, desejando a todos que seja um semestre com pelo menos o dobro da produção política legislativa que todos, de certa forma, em maior ou menor grau, tentamos produzir na Câmara Municipal de Porto Alegre, dando vazão à criatividade  dos novos, que entraram neste ano,  bem como a continuidade do trabalho daqueles que já estavam no Legislativo Municipal. Acho que a Cidade de Porto Alegre tem vários motivos para se orgulhar dos Vereadores que a representam nesta legislatura. Acho que a nossa responsabilidade, Ver. Lauro Hagemann, neste semestre, espero que, de fato, presida a nossa conduta, porque teremos temas sérios, delicados para serem enfrentados. Apenas citando dois, temos o Plano Diretor - que é uma discussão que continua pendente -, e temos, neste ano, o primeiro orçamento desse Governo que assumiu para ser discutido.

Gostaria, brevemente, de tornar público, aproveitando esse encontro que tivemos em Porto Alegre na semana passada, o VII Foro de São Paulo, que reuniu vários partidos políticos de esquerda, incluindo vários partidos do Brasil, inclusive PT, PDT, PPS, PSB e outros, para registrar uma opinião que, evidentemente, é uma opinião que está subordinada às decisões que o nosso Partido vai tomar a partir de agora, que aliás já tomou no seu último encontro regional, e que certamente vai se posicionar no final de agosto, quando os delegados que foram tirados aqui, no Rio Grande do Sul, participarão do encontro nacional. É exatamente esse tema sobre a questão das alianças políticas para 1998. E eu faço parte de um grupo político, Ver. Pedro Ruas, Ver. Elói Guimarães, Ver. Isaac Ainhorn, que dentro do último encontro lutou até o último segundo para que esse encontro tirasse uma resolução política explicitamente favorável à coligação com o PDT por “n” razões. Como o tempo é curto, vou resumir.

Primeiro, porque é um partido  que avaliamos estar no campo de oposição  ao chamado projeto neoliberal no Brasil. Talvez isso seja uma obviedade, mas não nos parece que seja menos relevante a forma como o PDT vem-se conduzindo em nível do Congresso Nacional frente às reformas que o Governo Federal vem introduzindo e implementando no País e, também, a forma como esse Governo vem-se relacionando com o próprio Congresso Nacional e com a própria oposição.

Parece, portanto, importante ressaltar que a conduta do PDT no Congresso Nacional tem sido exemplar sob o ponto de vista da sua posição de oposição a esse projeto.  Há a necessidade de que a agenda das reformas a serem instituídas no Brasil não seja a que está sendo proposta pelo Governo Federal. Nós achamos, e o PDT também acha, que a agenda social  é a agenda prioritária. A oposição até aceita  discutir a questão das reformas no Brasil, mas achamos que elas devem ser precisadas e não passa pela nossa avaliação que seja possível pensar em transformações num país como o Brasil, cujo processo  de industrialização e de reformas econômicas, sabemos, é mais tardio em relação aos países europeus, se não se resolver, imediatamente, a questão da agenda social.

 Em segundo lugar, porque achamos que aqui, no Rio Grande do Sul, Vereadores Pedro Ruas, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, demais Vereadores e Vereadoras, há uma tradição do trabalhismo, que, historicamente, sempre se mostrou ser um trabalhismo progressista e muito identificado com a base social que sempre esteve excluída social e economicamente em nosso Estado. Achamos que essa é uma característica política do PDT que nos merece todo o respeito, toda a consideração, e que isso define, sim, um perfil de em qual o campo social que um partido de fato, que tem algum tipo de compromisso com a democracia e por mudanças econômicas num Estado como o Rio Grande do Sul, deveria estar, ou seja, para quem ele dirige o seu discurso, os seus governos e a sua proposta política.  Portanto, achamos que esse é um segundo argumento  político que pesa muito.

Um outro argumento - seria “chover no molhado” - que é importante colocar - e não o faço no sentido personalista, mas no sentido de reconhecer nessas figuras também uma conseqüência política que extraímos da tradição e dessa trajetória política - são figuras políticas que o PDT mantém, com algum desgaste, evidentemente muitas vezes plantado, como o foi o famoso desgaste plantado pela Rede Globo contra a administração do Sr. Leonel Brizola no Rio de Janeiro. O Sr. Leonel Brizola pode ter cometido vários erros de avaliações, mas foi e está sendo um dos políticos com mais lucidez e tem feito críticas e combatido o chamado projeto neoliberal do Brasil.

Portanto, nós temos, com a nova Executiva Regional do nosso Partido, um calendário com  reuniões nos dias 13 e 14 de setembro. Amanhã, às 10 horas, teremos uma reunião, e é o nosso desejo, Vereadores Pedro Ruas, Isaac Ainhorn e Elói Guimarães, com a Executiva Regional do PDT, para iniciar esse processo de debate e discussão, mostrando, de forma transparente, todas as resoluções que aprovamos em nosso encontro. Esse roteiro faremos, aliás, com outros partidos, mas não de forma menos importante. Aliás, fizemos isso de forma simbólica. Preferimos iniciar o processo de divulgação de nossas resoluções com o PDT, em primeiro lugar, para que não haja nenhum tipo de especulação por parte de quem quer que seja - políticos ou  setores da imprensa do Rio Grande do Sul, que tentam, artificialmente, criar um distanciamento, hoje, entre esses dois partidos. Talvez uma resolução tímida, mas é o que foi possível tirar naquele encontro. É a resolução, portanto, que orienta o conjunto do Partido em todo o Estado.

Agora, quero dizer que por parte da nova direção Regional, desde o primeiro momento em que reunimos a Executiva - amanhã haverá uma terceira reunião da Executiva -, estamos fazendo todos os esforços possíveis para que esse processo de reaproximação política seja reiniciado, para que não haja nenhum tipo de seqüela política, quer seja de nossa parte, quer seja através de algum tipo de inserção por parte da imprensa. Tenho certeza de que, se for criado, Ver. Clovis Ilgenfritz, de modo artificial, algum tipo de distanciamento entre os dois partidos, é porque temem, é porque sabem que esses dois partidos tiveram uma identidade programática e uma identidade em termos de chapa  para as eleições de 1998 e há um outro campo político se gerando no Rio Grande do Sul capaz de propor, para nós, um novo conjunto de reformas para o Estado e uma nova visão de desenvolvimento econômico no Rio Grande do Sul.

Sr. Presidente, era essa a manifestação que gostaria de fazer, reiterando, aqui, na sua pessoa e na dos demais companheiros da Mesa, que vocês tenham, neste segundo semestre, o melhor trabalho possível. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Quero crer que posso falar em nome de todos, em especial dos meus colegas de Mesa Paulo Brum e Isaac Ainhorn, que estão aqui conosco, para agradecer as palavras do Ver. João Motta, que não é por pouco que era um dos nossos  candidatos a Presidente do Partido, no Estado, e vem fazer um discurso  que quero assinar embaixo.

O Ver. José Valdir está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sempre aprendo com o Ver.  João Antônio Dib. O Ver. João Antônio Dib veio aqui e leu. A primeira coisa que aprendi foi o nome: não sabia que o Arno era Hugo.  Arno Hugo Augustin Filho realmente respondeu o Pedido de Informações do Ver. João Antônio Dib, mas desconfiei que faltava alguma coisa naquilo que foi lido. Pedi para o Vereador a cópia e ele, cavalheirescamente, forneceu, e eu vou lê-la. O meu discurso vai ser, simplesmente, ler a resposta. Inicialmente vou reler o primeiro parágrafo e a metade  do último parágrafo que o Ver. João Antônio Dib já tinha lido. Depois vou ler os outros seis parágrafos e meio, que ele não leu aqui na tribuna, para ver como se pode descontextualizar expressões, palavras e afirmações. 

A parte que o Ver. João Antônio Dib leu:

“O Governo Municipal é sensível a vossa solicitação de antecipação da parcela de gratificação natalina aos funcionários municipais. A atual estrutura, especialmente no que tange à política de juros altos empregada pelo Governo Federal, impõe aos funcionários que recorram ao sistema financeiro para captar recursos,  uma dura realidade a agravar a situação financeira, uma vez que comprometem uma parcela maior dos seus vencimentos futuros.”  

 A parte do último parágrafo que ele leu:

“Por fim, o Governo Municipal tem adotado uma política de pagar os vencimentos mensais dos funcionários municipais rigorosamente  em dia, sempre no último dia útil do mês, conforme a legislação municipal.” 

Agora,  a parte que o Ver. João Antônio Dib não leu:

“Porém,  também ao Município de Porto Alegre é apresentado um quadro de dificuldades por mudanças na legislação  tributária  de iniciativa  da União e do Estado do Rio Grande do Sul. O recursos dos Municípios vêm sofrendo sucessivas perdas,  como as exemplificadas a seguir: de  iniciativa da União:  a) extinção do IVC; b) criação e prorrogação do Fundo Social de Emergência, Fundo de Estabilização Fiscal, FEF,  que resultou uma redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios na ordem de 3 milhões de reais para os nossos Municípios; c) Lei Kandir, Lei 87/96, que regulamentou o ICMS, com perdas estimadas em 15% para o nosso Estado e, portanto, também para Porto Alegre.”

“De iniciativa do Estado: uso da sistemática no FUNDOPEN, do crédito fiscal presumido pelo Governo do Estado, dedução do incentivo feito pelo próprio contribuinte diretamente, ao invés de incentivo financeiro, com recursos orçamentários do Estado, como era anteriormente.  Isso afeta o total arrecadado e Conseqüentemente a parcela dos Municípios, fazendo com que a projeção dos repasses do ICMS de 1997 seja menor do que o ano de 1996. Ainda, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul deixou de passar para os Municípios os recursos provenientes das multas de trânsito aplicadas na área destes, cujo montante arrecadado é pertencente ao Município, por definição de dispositivo constitucional. Além do mais, os efeitos do Plano Real têm sido perversos para o setor público, como se verifica pela séria dificuldade financeira em que se encontram  os Estados e Municípios brasileiros, o que é noticiado freqüentemente pela imprensa.”

“O Governo Municipal está empenhado em manter o equilíbrio financeiro do Município, porém esse equilíbrio é diretamente atingido pelos efeitos das alterações na legislação tributária federal e estadual e, principalmente, pelos efeitos da conjuntura econômica atual, o que resulta num esforço maior de adequação das suas despesas às receitas. O esforço do Governo Municipal está sendo feito de maneira a construir as condições para o cumprimento dessa política. A antecipação da gratificação natalina, nesse momento, geraria uma alteração do fluxo de caixa do Município, o que poderia ter como conseqüência atraso nos pagamentos futuros, inclusive da própria  gratificação natalina. Por essa razão lamentamos informar não ser possível realizar a antecipação proposta.”

 Vejam que foi uma resposta - e o Vereador pode não concordar com o seu conteúdo - altamente fundamentada,  como, aliás,  merece um Vereador da estirpe do Ver. João Dib. Foi uma resposta com fundamentação, com dados. Só que o Ver. João Antônio Dib, talvez na sua pressa, na sua ânsia de criticar a Administração, ele selecionou as partes da resposta que achou mais convenientes para a sua linha de raciocínio.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. José Valdir, se V. Exa. tivesse ouvido o meu pronunciamento na sexta-feira, saberia que os números alinhados pelo Secretário Arno Augustin para mim não têm validade nenhuma, pois a Prefeitura, até junho, arrecadou mais do que se propõe o Orçamento e, a partir de junho até o fim do ano, será ainda maior o superávit da Prefeitura. Portanto, os números não têm valor e, por isso, deixei de analisá-los. Essa a razão por que usei a expressão “é desconcertante o Secretário Arno Augustin responder para o Ver. João Dib”.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Ver. João Dib, todo o País está em crise, todos os prefeitos estão reclamando, através dos jornais, dos efeitos dessa política neoliberal que está massacrando os Municípios, inclusive aqueles comandados  pelo partido de V. Exa.  e que o partido de V. Exa. também sustenta. É impossível que só Porto Alegre esteja nadando em dinheiro. A não ser que nós sejamos uma administração realmente muito competente, que conseguimos criar uma ilha em Porto Alegre no momento em que esses efeitos nefastos da política neoliberal estão atingindo todo o País.

Em Porto Alegre, a gente, por uma competência extraordinária, tem conseguido driblar essa situação em que estão os Municípios brasileiros, inclusive os comandados pelo partido de V. Exa., que têm reclamado, sistematicamente, justamente desses itens que o Secretário Arno Augustin elencou na resposta ao seu Pedido de Informação, que são itens que têm massacrado as finanças dos Municípios de todo o Brasil. Muito obrigado.

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicação de Liderança.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é um motivo de muita satisfação poder falar neste momento, mesmo que seja em razão do pronunciamento do Ver. João Motta. E, se não fosse esse pronunciamento, em algum instante teríamos que fazer a manifestação que fazemos agora, que, em primeiro lugar, é de agradecimento pela lembrança, pela oportunidade, pela visão política, pela estratégia de V. Exa. e de vários segmentos do Partido dos Trabalhadores, representados no pronunciamento que V. Exa. fez nesta tribuna.

De outro lado, conversava há pouco com o Ver. Elói Guimarães sobre a necessidade de aprofundarmos, Srs. Vereadores, em especial os que compõem a Bancada do Partido dos Trabalhadores, e de estabelecermos, acima de tudo, uma unidade de trabalho no campo popular. Esta unidade de trabalho, esse tipo de frente - e de luta - é justamente para priorizarmos aquelas ações, Ver. José Valdir e Ver. Juarez Pinheiro, que são um ponto de honra para nós e para  toda nossa militância. Se é certo,  de um lado, que temos divergências, elas o são, geralmente, pontuais, muito identificadas e limitadas a alguns aspectos.

Por outro lado, ainda, é tão certo quanto isso, que temos afinidades, que temos convergência de opiniões que superam, em muito, essas  divergências que, cada vez menos, sequer são percebidas pela população. Assim passa a ser fundamental que tenhamos condições de estabelecer, efetivamente, uma tática, um fundamente estratégico, até mesmo para o combate ao projeto neoliberal dentro do Estado e da Nação brasileira. E para isso é indispensável que tenhamos capacidade  de deixar em plano secundário as divergências que temos para realizar o mais importante, que é a unidade em termos de luta popular; aquilo que a população necessita que façamos e que, efetivamente, está ao nosso alcance. O fórum realizado na semana passada em São Paulo deixou muito claro que há a necessidade de deixar em plano secundário isso em prol do mais importante, ou seja, a nossa unidade em termos de luta popular, aquilo que a população do Estado e do País necessitam.

Tenho certeza de que o pronunciamento do membro da Executiva Nacional do PT, Ver. João Motta, traz em seu conteúdo esta visão tática para o momento que vivemos e, mais do que isso, Ver. João Motta, talvez até mesmo um posicionamento estratégico de combate permanente a qualquer tipo de administração ou política que venha a contribuir, de uma ou outra forma,  para com o aprofundamento do caos  social em que vivemos, para o aprofundamento da injustiça, para o aprofundamento do desmando.

Por isso, é nossa obrigação reafirmar que tanto quanto V. Exa. , tanto quanto inúmeros integrantes do Partido dos Trabalhadores, nós, a maior parte dos militantes do Partido Democrático Trabalhista - PDT -, temos também a visão de que essa unidade é necessária, de que é, na verdade, uma obrigação de todo e qualquer militante do campo popular que tem responsabilidade com a verdadeira luta do povo, com o seu sofrimento, com as suas condições precárias de existência e com tudo aquilo que tem de ser feito para que isso seja modificado.

Entendemos que a nossa responsabilidade, neste momento histórico,  em 1997 - o 30º ano da morte Che Guevara -, define um rumo a seguir, define, na verdade,  que deixemos de lado, de uma vez por todas, aquilo que nos separa - eu disse que é secundário - para que tenhamos, na voz do povo e no caminho que ele indica, a nossa unidade, a forma de construir juntos a democracia social, a diminuição da injustiça social e, acima de tudo, o fim do nefasto projeto neoliberal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, primeiro, numa frase, quero anunciar aquilo que o Ver. Juarez Pinheiro debulhará e colocará de uma forma bem mais ampla. Entramos, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores -  aqui na Câmara, o Deputado Flávio Koutzii, em nome  do PT; na Assembléia Legislativa, o Ver. Guilherme Barbosa, na condição de Presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores; e o companheiro Júlio Quadros, na condição de Presidente Estadual  do PT -, na semana passada, com uma ação contra a propaganda que o Governo Britto vem, sistematicamente, fazendo, de autopromoção com o dinheiro público, que fere o princípio básico da impessoalidade. Sexta-feira, nós recebemos a liminar, e aqueles programas foram, por obrigação legal, tirados do ar. Eu anuncio que, esta semana ainda, entraremos com nova ação, porque, de lá para cá, o Governador Britto produziu outros programas em que, mais uma vez, se utiliza dos recursos públicos para fazer propaganda política pessoal.

Quero dizer também, secundando os Vereadores João Motta, do Partido dos Trabalhadores, e Pedro Ruas, do PDT, e em nome da Bancada do Partido, que nós estamos empenhados na construção de uma frente política a partir das lutas sociais, a partir de todos aqueles segmentos dos movimentos sociais que têm resistido ao verdadeiro desmonte do Estado e à política que impõe uma crescente miséria e exclusão social, assim como dos partidos que têm assumido, crescentemente, essa luta e que têm ombreado, nas ruas, nos parlamentos, o combate à tragédia política que tem assolado o conjunto dos países da América Latina e do mundo.

Isso nós vimos agora, no Foro de São Paulo, importante encontro da esquerda latino-americana, que reuniu 70 organizações e partidos políticos, com a presença, inclusive, do recentemente eleito Prefeito da Cidade do México, onde ficou  demonstrado que os povos da América Latina começam não só a se cansar, mas a se organizar e a se mobilizar contra esse sistema perverso.

Quero dizer que só  o endereço muda, mas as políticas, pelos relatos feitos pelos dirigentes políticos nesses últimos dias, demonstram que o neoliberalismo tem uma única faceta, que é a de aprofundar a miséria, a desesperança e a maior falta de credibilidade possível em tudo aquilo que é público, em tudo aquilo que pode vir a beneficiar a grande maioria da população. A concentração de renda, nos países da América Latina, ampliou-se de uma forma assustadora. Inclusive a questão da terra, que, no Brasil, não é resolvida, como  sabemos, em países como a Nicarágua, que fez a sua reforma agrária através da Revolução Sandinista, hoje a luta dos trabalhadores do campo e da cidade é para que aquela estrutura agrária, democrática, seja mantida, porque a  direita e os neoliberais querem recuperar os latifúndios que perderam através da revolução socialista e popular feita na Nicarágua. Então, não há nada mais correto e necessário que as forças populares, aqui no Brasil, unifiquem-se, a despeito das suas diferenças, divergências, e constituam um forte pólo de alternativa democrático e popular para combater os conservadores e essa política de exclusão social.

É por isso que nós, Vereadores do Partido dos Trabalhadores, estamos empenhados - que já tem se conseguido na luta em defesa da CRT, em defesa da CEEE, do patrimônio público contra a entrega da Vale do Rio Doce, por saúde, habitação e terra - em construir a unidade com o Partido Democrático Trabalhista para que no Rio Grande do Sul tenhamos uma nova e diferente forma de fazer política, dirigida à maioria da população e não apenas aos conciliados com as classes dominantes, como tem sido o Governo Britto, infelizmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro,  em Grande Expediente.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, queríamo-nos somar inicialmente às palavras do Ver. João Motta relativamente à importância deste Parlamente e às responsabilidades que a ele incumbe. Eu me sinto orgulhoso de participar deste Parlamento com pessoas tão ilustres que buscam, através do diálogo, impor suas idéias e lutam em prol da Cidade e dos cidadãos de Porto Alegre. O Ver. João Dib tem uma luta de muito tempo em prol dos municipários desta Cidade. Eu reconheço a importância dessa luta porque ela é importante para o debate democrático, para esta Casa e para esta Cidade. Lógico que o Vereador, vez que outra, se excede e não diz, por óbvio, defendendo o seu ponto de vista, a inteireza da questão.

O Ver. José Valdir, lendo, na íntegra, a resposta do Secretário da Fazenda, Arno Augustin, deixou claro e salientou algumas políticas do Governo que o Ver. João Dib defende nesta Casa, do Governo Federal, do Governo Estadual, que deixam claro o quanto não só Porto Alegre como os Municípios desta Federação ficam impedidos de realizar uma política de pessoal mais adequada e mais condizente com as necessidades dos trabalhadores.

Mas é bom perguntar, se os funcionários públicos estaduais pudessem optar, se ficariam com a política de salários do seu governo ou com a política de salários da Administração Popular. É bom que se faça uma verificação de qual ente público, após o advento do  Plano Real, em julho de 1994,  mais repassou reajustes aos funcionários públicos. E, por fim, devo informar a V. Exa. que ainda pende de recursos a questão do índice do DIEESE e do IGPM, e só por isso que não foi repassado aos funcionários públicos, porque ainda cabe recurso para o Superior Tribunal de Justiça.  E essa é uma explicação de ordem técnica.

Mas, Ver. João Dib, enquanto V. Exa. reclama que o Governo Municipal contrata muitos funcionários para tratar das questões desta Cidade,  venho comentar justamente  em sentido contrário.

Em 1988, e o Ver. Sebenelo é testemunha, o governo do PMDB colocou um pelotão de choque dentro do hospital para coibir uma justa manifestação  dos servidores daquela instituição. Em virtude de greve ocorrida  em suas dependências, entre os meses de setembro e outubro de 1988 por reajuste salarial e melhores condições de trabalho, o Grupo Hospitalar Conceição demitiu mais de uma centena de empregados por justa causa, baseado no art. 3º do Decreto-Lei 1632/78, antiga Lei de Greve. Dentre os  punidos na greve com a demissão, bom número de trabalhadores ingressou com ação judicial perante a Justiça do Trabalho, buscando a readmissão no emprego com base na anistia constitucional, que está no art. 8º das  Disposições Transitórias da nossa Constituição Federal. Após um longo trâmite processual, com recurso para o Tribunal Regional do Trabalho e para o Tribunal Superior do Trabalho, as ações ajuizadas estão chegando ao seu termo, com a determinação  judicial de admissão no emprego daqueles punidos, perseguidos politicamente, inclusive com pagamento dos salários do período de afastamento.

Todavia, em que pese a vitória judicial e a importância político-social da anistia constitucional, aliados à vontade dos empregados de retornarem aos seus postos de trabalho, a orientação da Diretoria do GHC  é no sentido de não aceitar a volta dos seus desempregados. Com efeito, logo após a readmissão, através de oficial de justiça, o Grupo Hospitalar Conceição já procede a nova despedida sem qualquer motivo justo ou plausível, ainda mais se levarmos em consideração a atual carência numérica de quadro de pessoal.  Mais um foi colocado para a rua, mais uma perseguição política. O nome do cidadão que foi admitido na quarta-feira e demitido na quinta-feira se chama Gilmar Franz. Algumas dessas indenizações beiram a 200 mil reais. É mais de uma centena.

 Essa irresponsabilidade política, essa perseguição política começou em l988 e continua nesses tempos naquela instituição. Quem é responsável por todos esses valores?  Esses valores, que poderiam ser jogados na saúde hoje, estão sendo pagos a esses servidores, e a instituição, carente de servidores,  imediatamente continuando na mesma cena de perseguição política, coloca-os para a rua no outro dia após a sua admissão. Nós sabemos de muitas coisas irregulares que estão acontecendo naquela casa e, a partir de agora, vamos fazer a denúncia cabal, definitiva desta Casa, porque não é possível que nos tempos em que vivemos esse tipo de perseguição da Idade Média, da época da ditadura, ainda persista naquela instituição. Nós estaremos realizando no dia sete, na Praça Sadi da Conceição, que fica ao lado do Hospital Conceição, um ato público contra a privatização do Grupo Hospitalar Conceição. O Sindicato e o Movimento Social estarão presentes. É muito interessante que se leia, porque surgiu agora uma notícia de que o Grupo Hospitalar Conceição será estadualizado. Quanto a isso, se sou suspeito para falar, vou ficar aqui com “A marcha batida”, um artigo de Mendes Ribeiro, no “Correio do Povo” do dia quatro de agosto, que diz o seguinte:

“Aconteceram outras tentativas. Felizmente, todas falharam. Entretanto, nessa histérica corrida de privatizar até o suspiro do brasileiro, é bem possível levar o absurdo até o fim. Estadualizar é o primeiro e último passo para, quando o serviço estiver completamente desmontado, chamar os compadres e vender por moeda podre o estabelecimento. Na verdade, tudo isso é um escândalo, um abuso, uma afronta à comunidade. A história vai mostrar tudo, o quanto esses tipos fizeram ao Brasil. Mas, então, já será tarde demais para que possamos recuperar.” 

Esse é um artigo do Mendes Ribeiro.

Por último, quero saudar, Ver. João Dib, que tem se preocupado em esses assuntos, o Ver. Gerson Almeida pela iniciativa que coordenou, uma iniciativa junto com o Diretório Municipal e o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores, tendo em vista o disposto no parágrafo 1º do art. 37 da Constituição Federal, que veda o proselitismo pessoal. Aqui em Porto Alegre tivemos um provimento, de forma liminar, em relação ao Programa Terra Gaúcha que, de forma caracterizada, de clareza solar, é um programa de proselitismo pessoal do Sr. Antônio Britto e seus secretários. Neste sentido o nosso aplauso ao Poder Judiciário que retirou, felizmente, de cena esses atores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib para uma Comunicação de Liderança pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Mentir é falar contra o que se pensa para enganar. Eu não acredito que o Secretário Arno Hugo tenha querido enganar o Ver. João Antônio. Acho que não. Ele não tentaria isso, não ousaria, porque, de repente, o Ver. João Dib sabe algumas coisas, talvez não tantas quanto o Secretário Arno Hugo, mas o Ver. João Dib sabe muito.  E é verdade, também, que o Ver. João Dib não está querendo enganar ninguém. Ele está apenas falando o essencial, até porque em oito minutos não é possível conversar tudo, a menos que a gente não tenha muito o que dizer – então, lê-se todo o ofício do Secretário Arno Hugo. Na verdade, ele coloca aqui uma série de acusações, lamúrias, queixas para o Governo Federal e para o Governo Estadual, que são muito maus, mas isto não responde. O que me interessava  é que ele reconhece que o municipário está doente. Ele tem o remédio e não dá. E o fato de sobrar o dinheiro na Administração absolutamente não significa que é uma boa administração.

Esta Câmara concedeu ao PT as condições para arrecadar muito, mas a Câmara pensava, por certo, que seria bem aplicado esse dinheiro. O meu professor de Economia Política, Antenor W. Brum, recentemente falecido, me dizia, como dizia para todos os alunos, que o orçamento público deve ser equilibrado, nunca superavitário. Melhor deficitário, porque superavitário só pode ser por duas coisas: incompetência na administração ou vampirismo fiscal. Acho que o PT, na sua administração, tem as duas coisas: arrecada muito e esconde.

Sou um homem que reiteradas vezes afirmei que a minha palavra vale mais do que minha assinatura. O Secretário Arno Hugo disse-me, quando anunciou um superávit de 10 milhões de reais, que poderia ser 15 ou 18. Depois, apresentou um de seis. Prefiro o palavra do Dr. Arno Hugo. Não gosto da assinatura dele, porque é muito feia. A palavra dele vale tudo.

Ver. José Valdir, quando eu fiz a análise do Orçamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre até o dia 30 de junho deste ano, eu dizia que 53% da previsão orçamentária foram realizados. E  V. Exas. sabem perfeitamente, Vereadores José Valdir e Juarez Pinheiro, que o Orçamento fixa a despesa e orça a receita. A receita foi analisada friamente por este Vereador, e 53%, no primeiro semestre, foram arrecadados. É claro que o Ver. José Valdir e o Ver. Juarez Pinheiro sabem que o ICMS agora, no mês de julho, vai crescer - agosto, setembro, outubro. Dezembro vai dar muito mais. Se ele já arrecadou de ICMS 52%, ele vai arrecadar muito mais do que ele tinha feito na previsão orçamentária. Mas isso tudo não interessa.

O Orçamento previa, como receitas patrimoniais, 44 milhões, e, no primeiro semestre, ele só arrecadou, em números redondos, oito milhões de reais. E também outras receitas correntes, que são empréstimos: ele previa 43 milhões e 600 mil e só fez 16 milhões e 300 mil de empréstimo. Outros empréstimos foram já autorizados por esta Casa e enriquecerão o Orçamento. Mas, mesmo não realizando parcela significativa destas duas rubricas do Orçamento, ele ainda assim arrecadou 53%. Portanto, ele tinha o dinheiro e tem o dinheiro do municipário, que está depositado - 1/12 a cada mês, e o municipário está precisando deste dinheiro! Agora, é desonesto - foi a expressão por mim utilizada - tomar o dinheiro de dentro do bolso do municipário, como fizeram em 1991 e repetiram em 1995, e o fizeram nesta vez, baseado em uma liminar, que continua o julgamento do mérito. Mas, com esta liminar, ele tomou o dinheiro. Quando os aposentados da Prefeitura entraram na Justiça e conseguiram uma liminar, ele pagou, de acordo com a liminar, Gratificação por Incentivo Técnico. Mas, aí, ele derrubou a liminar e tomou de volta o dinheiro, e com muita pressa e ilegalmente, porque o Estatuto determina o quanto ele pode tirar. Tirou tudo de uma vez só. Teve funcionário que recebeu 60 reais, 90 reais no fim do mês, aposentado. Quando a liminar valeu, porque a decisão final tinha sido dada, ele começou a pagar de novo. Mas o que ele tomou não pagou. Ele deve um ano inteiro e não paga e tem o dinheiro. Este é o trabalho do PT, que resolveu apostar  na sigla Administração Popular. Por isso, não usa nomes.

Mas, de qualquer forma, eu não posso deixar de dizer que a todos eu desejo saúde e paz, inclusive ao Dr. Arno Hugo, que tem muito dinheiro guardado no sistema financeiro. E dizem que é muito bom colega. Se pedirem emprestado dele, ele empresta. Agora, da Prefeitura, não. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Srs. Vereadores, anunciamos a presença na Casa de uma delegação diplomática que representa o Governo de Pyongyang  e virá a este Plenário acompanhada do Presidente desta Casa para ser recepcionada pelos Srs. Vereadores desta Cidade.  Vamos receber o Cônsul e o representante do Partido dos Trabalhadores de Pyongyang, que é a Capital da Coréia do Norte. Consultamos se algum Vereador deseja fazer a saudação aos altos dignitários desse país que a Câmara hoje recebe aqui.

Está com a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo em tempo de Liderança.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é muito fácil ser oposição por um lado e situação por outro, especialmente quando as grandezas não são comparáveis. Eu e o nobre Ver. Juarez Pinheiro, que estivemos nas mesmas trincheiras e eventualmente e momentaneamente em campos opostos, temos tido um diálogo respeitoso, fraterno e muitas vezes esta compreensão do direito das pessoas,  de terem uma opinião diferente, tem levado este relacionamento político a um relacionamento amigo. E isso pelo respeito que tenho por suas posições e por sua postura como homem público, a quem, neste momento, não só homenageio como digo que talvez esta Casa tenha sido enriquecida - um dos grandes acréscimos desta Casa - com a sua presença. Ele traz um assunto da maior importância a respeito do que ocorre no momento no Grupo Hospitalar Conceição, no momento em que há uma reforma do Estado, no momento em que se discute todo um processo de alteração e de transição no País, e que, depois de mais de dez anos de lutas judiciais, cem pessoas tiveram ganho de causa e foram reintegradas ao Grupo Hospitalar. Depois de várias vezes, várias pessoas, vários casos denunciados à minha pessoa pelo Ver. Juarez Pinheiro com relação a essa demissão das pessoas, fui procurar o Diretor Administrativo-Financeiro do Grupo Hospitalar, Dr. Délcio Martini - que hoje ocupa esta Direção por indicação do meu Partido -, e fui esclarecido de algumas coisas importantes. Primeiro, o Grupo Hospitalar tem um limite de cinco mil e 700 funcionários, determinado pela supervisão das estatais, que é um órgão do Governo Federal. O número é cabalístico, único: cinco mil e 700. Não pode ultrapassar esse número. Além disso, vivemos um drama muito grande da falta de mão-de-obra. Todos sabem que a parte de assistência social brasileira é quase toda constituída por recursos humanos; são indispensáveis, na área da saúde, recursos humanos. Há uma carência muito grande e, mais do que uma carência, uma necessidade imensa de que não só esses cargos sejam preenchidos como se aumente o número de cargos pelo crescimento da demanda e, principalmente, pela gravidade das situações vividas pelo Grupo Hospitalar.

No entanto, em face de problemas ocorridos em outras administrações, entre eles uma denúncia de que deveriam ser demitidas mil e 400 pessoas sem concurso - essas demissões não ocorreram, mas houve uma diminuição no quadro, que era de seis mil e 14 e ficou com cinco mil e 700 e agora é obrigatório o concurso público, demitindo-se aquelas mil e 400 pessoas -, era impositivo que se gerasse, inclusive anulando aquelas vagas, não existindo aquelas vagas, eliminando aquelas vagas. Com isso a Direção teve que diminuir a folha de pagamento e teve que admitir pessoas que, ao entrarem na Justiça e ganhar, foram aquinhoadas, inclusive, com importâncias altíssimas que hoje oneram terrivelmente a folha de pagamento na área de tributos trabalhistas sem que haja uma compensação desse terrível problema da falta de mão-de-obra.

Estou na mesma trincheira daquelas pessoas que lutam em busca de um emprego, especialmente na área da saúde, mas compreendo, também, o dilema dos diretores do Grupo Hospitalar, que, muitas vezes, não têm como inchar o seu quadro, porque não há dinheiro para pagar uma folha de pagamento que aumente em um real.  A importância recebida mensalmente já está forçando o Grupo Hospitalar a fazer empréstimos para o pagamento da folha. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos aos Srs. Vereadores que já está sendo distribuído o Parecer da Procuradoria  da Casa acerca da legalidade dos projetos de lei que autorizam o Poder Executivo a tomar medidas administrativas ou funcionais. O Requerimento é do Ver. Reginaldo Pujol.

 Discussão de Pauta. Ver. João Dib. Desiste. Ver. Guilherme Barbosa. Ausente. Ver. Renato Guimarães. Desiste. Ver. Cláudio Sebenelo. Desiste. Ver. José Valdir. Ausente. Ver. Antonio Hohlfeldt. Desiste. Ver. Gerson Almeida. Desiste. Ver. Reginaldo Pujol. Desiste.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN (Requerimento):  Sr. Presidente, requeiro que o Projeto de Lei nº 152/96,  folha 8,  seja votado em último lugar dentre os que estão na Ordem do Dia de hoje.

 

O SR. PRESIDENTE:  A Mesa submete o Requerimento de V. Exa ao Plenário. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com abstenção do  Ver. João Dib.

O Sr. Presidente da Casa já vem se dirigindo ao Plenário com a representação diplomática de Pyongyang.

<D>

 

VOTAÇÃO NOMINAL

 

2º TURNO

 

PROC. 0687/97 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que acrescenta parágrafos ao Art. 119 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (exposição das contas do Município ao contribuinte)

                                

Parecer

-  da Comissão Especial - Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA, em ambos os turnos - Art. 130, § 6º, do Regimento da CMPA;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PELO 001/97. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 30 votos SIM.

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0255/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, que dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades da Rede Hospitalar Pública Municipal de internação coletiva. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto; Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação da Emenda nº 01;

- da CECE. Relator Ver. Carlos Garcia: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

 - da COSMAM. Relator Ver. Gerson Almeida: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observações:

- adiada a discussão por uma Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol):  A Mesa apregoa Subemenda nº 01 à Emenda nº 01, de autoria do Ver. Paulo Brum, subscrita pelo Ver. Gerson Almeida. Ainda, submete ao Plenário Requerimento de autoria do Ver. Eliseu Sabino, solicitando dispensa do envio às Comissões, para parecer, da referida Subemenda.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Em discussão o PLL 003/97. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. ISAAC AINHORN:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Ordem do Dia,  Projeto do Ver. Eliseu Sabino que dispõe sobre a  prestação de assistência religiosa nas entidades da rede hospitalar pública municipal de internação coletiva. Em bom momento, o Ver. Eliseu Sabino apresenta o conjunto de projetos que retomam a discussão de temas e da inserção da questão do debate, do estudo da assistência religiosa aqui nesta Casa.

Recordo-me, inclusive, Ver. Eliseu Sabino, da discussão da Lei Orgânica da Cidade de Porto Alegre aqui, neste Plenário. Os mais antigos hão de lembrar-se do momento, inclusive, em que alguns Vereadores tentaram retirar da abertura da Lei Orgânica, e já tinham retirado, e que, por iniciativa deste Vereador, restabeleceu-se o princípio da invocação de todos aos constituintes que se reuniam em Assembléia Municipal Constituinte para elaborar o texto da Lei Orgânica. Naquele momento, realmente, invocamos a proteção de Deus - não poderíamos dizer que aos constituintes que se reuniram em Assembléia Municipal Constituinte para elaborar o texto da Lei Orgânica. Naquele momento, realmente, invocamos a proteção de Deus. Não poderíamos dizer que os constituintes reunidos estavam sob a proteção de Deus, até porque não saberíamos dizer se estávamos ou não protegidos pelo Senhor, mas poderíamos, sim, invocar a proteção de Deus para nos reunirmos em Assembléia Municipal Constituinte. E foi isso que fizemos.

Quero cumprimentar o Projeto de Lei, amplo e irrestrito, do Ver. Eliseu Sabino, em que assegura, no espectro da mais ampla religiosidade, aos ministros de todos os cultos o acesso às entidades públicas municipais de  internação coletiva no período de 24 horas. E tem que ser nos termos exatos do Projeto do Ver. Eliseu Sabino, porque qualquer outra medida, na realidade,  representa uma restrição a essa assistência religiosa, que deverá ser proporcionada a qualquer momento do dia ou da noite.

O Ver. João Motta, na Comissão de Constituição e Justiça, faz um parecer de ampla aprovação ao Projeto; eu, posteriormente, na Comissão de Saúde e do Meio Ambiente. O Ver. Gerson Almeida, querendo apoiar o Projeto, cita apenas o exemplo do Hospital de Pronto Socorro, cujas visitas religiosas são realizadas entre as 16 e 17 horas, a fim  de não haver concomitância com a visita dos familiares dos pacientes. Ora, essa manifestação foge ao espírito do Projeto do Ver. Eliseu Sabino, porque não se pode marcar hora da presença da assistência religiosa daquele que, naquele momento, se encontra num momento de grande debilidade física e espiritual. Vamos imaginar  que alguém praticante da Religião Católica  necessite de uma extrema-unção no HPS, que só poderá ser concedida entre as 16 e 17 horas!   

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa., que tem mais cinco minutos.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Depois que o Ver. Gerson Almeida, nas suas considerações, diz “também saliento das necessidades do paciente manifestar-se quanto à visitação dos assistentes religiosos”... Ora, eu tenho conhecimento de materialistas, ateus, que, no leito de morte, procuraram o abrigo da palavra de um ministro religioso.

Eu gostaria que um familiar meu, materialista, tivesse a assistência de um religioso, porque um religioso sempre está pronto a fazer o bem, a praticar o amor. Um líder espiritual sempre é um líder.  Num determinado momento, o paciente pode rejeitar o sacerdote, seja da Igreja Católica, da Igreja Evangélica, da Umbanda ou da sinagoga,  mas, em outro momento, a presença do sacerdote traz a paz de espírito, que pode fazer revoluções na saúde daquela pessoa.

Nós estamos num momento de ampla liberdade religiosa. Felizmente, aqueles períodos de obscurantismo da Idade Média, de alguns momentos na história da União Soviética, em que os princípios da liberdade não eram assegurados, passaram. Hoje, até em alguns países do bloco socialista os princípios de liberdade religiosa são amplamente assegurados. Temos que reconhecer que não pode ser negada à pessoa humana, porque ninguém é socialista se fere o princípio da mais ampla liberdade de pensar e de optar por suas convicções, especialmente as de ordem religiosa.

Mas quero chegar, exatamente, à emenda inoportuna que acaba com o Projeto do Ver. Eliseu Sabino, do nobre Ver. Gerson Almeida, que diz o seguinte: “Deverão ser respeitados pelos assistentes religiosos os horários estabelecidos pelos hospitais ou instituições da rede hospitalar pública municipal para ingresso nas dependências dos mesmos”.

 Ora, se houver horário para que essa assistência religiosa seja feita, está-se ferindo o princípio do mais amplo acesso às dependências do estabelecimento hospitalar para prestar assistência religiosa.

Vou ler tudo para V. Exa., Ver. José Valdir. Não vou sonegar informações a V. Exa. A visita religiosa será permitida desde que haja consentimento do paciente. Ora, isto é uma matéria puramente subjetiva. O parágrafo 2º não tem nada a ver com o 1º, que quer estabelecer horários em que o sacerdote, ou ministro religioso, ou pastor veja uma ovelha do seu rebanho. Não há por que estabelecer um horário, Ver. Gerson Almeida, como  se pudesse estabelecer horário para uma extrema-unção num momento do leito de morte.

Concluo meu pensamento dizendo que o Projeto do Ver. Eliseu Sabino seja aprovado na íntegra, nos termos do seu Projeto e entendendo que a emenda ao parágrafo 1º que estabelece horário de visitação é incompatível com o projeto original. Desse modo, é melhor rejeitar o Projeto do Ver. Eliseu Sabino. Eu sugeriria, e ver se é possível do ponto de vista regimental, destacar o parágrafo 1º do parágrafo 2º.

Portanto, reitero: é incompatível o parágrafo 1º da Emenda  do Ver. Gerson Almeida com o Projeto de Lei do Ver. Eliseu Sabino, que atende a uma demanda e a um princípio humanístico e religioso da maior importância, apesar de alguns não reconhecerem. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, encontra-se em visita à Casa uma delegação da Coréia do Norte que esteve presente nos atos do VII Foro de São Paulo. Assim, de acordo com as disposições do art. 143 do nosso Regimento, item II, solicito ao Sr. Presidente da Casa, Ver. Clovis Ilgenfritz, que introduza no Plenário o Sr. Kim Riang San, Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores da Coréia do Norte, partido governista, e do Cônsul, Sr. Kpak Yok, diplomata e tradutor que acompanha o representante da Coréia do Norte nesta visita que faz ao Legislativo. Peço aos Srs. Vereadores a atenção e a recepção fidalga que caracterizam as tradições democráticas e liberais desta Casa. (Pausa.)

 

O SR. PRESIDENTE  (Clovis Ilgenfritz): Queria agradecer imensamente a atenção dos Srs. Vereadores, eis que estamos recebendo uma missão internacional que, através do nosso Segundo Vice-Presidente, Ver. Reginaldo Pujol, fez essa solicitação para recebermos essas personalidades. E, antes de passar a palavra ao Sr. Kim Riang San, gostaria de manifestar que a conversa que tivemos no Gabinete da Presidência foi muito interessante e dizer da nossa enorme satisfação em receber, não só no Gabinete mas também no Plenário desta Casa,  essa visita tão ilustre.

E gostaria que todos os Vereadores tivessem a mesma oportunidade de conversar com os nossos visitantes, uma vez que o Sr. Kim Riang San, acompanhado do Cônsul Kpak Yok está trazendo informações importantes para a nossa Cidade e para a comunidade brasileira. Inclusive, uma das informações que consideramos de grande importância nesse momento político é de que, no dia de amanhã, estarão reunidos a Coréia do Norte, a Coréia do Sul, a China e os Estados Unidos em uma reunião considerada fundamental na busca do processo de reunificação da Coréia do Norte com a Coréia do Sul. É um sinal importante.

Não vou me estender em outras questões, com relação ao movimento de solidariedade que está havendo no Brasil, inclusive com apoio de setores governamentais, de partidos do Governo para com os coreanos, que têm sofrido, infelizmente, as mesmas vicissitudes que os nossos irmãos norte-americanos fazem a Cuba e a Coréia, que têm resistido na sua capacidade de ser independentes, ter soberania e autodeterminação. Temos certeza de que esse movimento, que acontece hoje e que poderá ocorrer da unificação das Coréias com a participação efetiva dos Estados Unidos e da China como praticamente fiadores desse processo, é muito importante, porque não podemos mais conceber que no mundo atual aconteçam coisas do tipo bloqueios econômicos em função de posições ideológicas.

 Os nossos dois ilustres visitantes estão aqui também em função do VII Foro de São Paulo, que reuniu perto de 70 partidos políticos considerados de esquerda, socialistas, progressistas, de todo o mundo, em especial da América Latina. Esse VII Foro editou a Carta de Porto Alegre, que será distribuída, brevemente, para todos os Srs. Vereadores, inclusive dizendo que esta Câmara, com a isenção que deve existir, não se negou a dar o seu espaço para que se realizassem aqui os seminários sobre municipalidades, sobre questões indígenas, sobre parlamentares, sobre as questões do negro e outras questões importantíssimas da nossa nacionalidade. Quinta e sexta-feira tivemos plenárias importantíssimas e históricas, reunindo pessoas de muitos países do mundo neste Plenário, no Plenário Otávio Rocha à noite, à tarde e pela manhã. Foram plenárias interessantes, quando nossa Câmara abriu espaço para os encontros.

Sentimo-nos honrados com a visita e passamos a palavra ao Sr. Kim Riang San. (Intérprete: Sr. Kpak Yok.)

 

O SR. KIM RIANG SAN: Muito obrigado pela recepção tão amável.  Estamos muito contentes por poder estar junto com todos os Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, aproveitando a nossa estada aqui na Cidade, na participação do VII Foro de São Paulo.  Como o Sr. Presidente referiu-se sobre a situação da Coréia, não quero referir-me mais.

Como já sabem, nosso País ainda não estabeleceu as ligações diplomáticas com o Brasil. A nossa parte sempre está disposta a estabelecer essas ligações diplomáticas com o Brasil. No passado e atualmente muitos parlamentares de vários partidos políticos do Brasil estão fazendo muitos esforços para acelerar esse processo de estabelecimento das ligações diplomáticas. Nesse sentido, esperamos aderir a contribuição dos Srs. Vereadores da Cidade de Porto Alegre neste trabalho tão importante para o desenvolvimento entre os dois Países. Também esperamos a solidariedade e o apoio por parte dos Srs. Vereadores à causa do povo coreano pela reunificação da Pátria. Esperamos que os Srs. Vereadores tenham grande sucesso nos seus respectivos trabalhos tão responsáveis. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de nos despedirmos, gostaríamos de oferecer um livro de poesia sobre Porto Alegre.

 

(É feita a entrega do livro “Porto Alegre à beira do rio e em meu coração.) (Palmas.)

 

Queremos dizer que são poesias que refletem a alma do nosso povo, senão não estaríamos aqui tentando traduzi-las de forma  muito carinhosa, muito amiga e muito fraterna. Um abraço aos Senhores e esperamos que possamos visitar a Coréia do Norte e, se possível, a Coréia reunificada. Muito obrigado. (Palmas.)

Nós vamos suspender os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos  às 17h09min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol - às 17h12min): Estão reabertos os trabalhos.

Está em discussão o PLL nº 003/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino. O Ver.  Eliseu Sabino está com a palavra para discutir.

 

O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou feliz por poder apresentar este Projeto porque temos a máxima satisfação de dizer que as visitas aos hospitais por ministros evangélicos, sacerdotes, padres, ministros religiosos  de toda ordem religiosa têm sido acatadas pela maioria das redes hospitalares, e não temos uma preocupação muito grande no sentido de não conseguirmos isso. Quando apresentamos o Projeto, estamos trazendo a V. Exas. o que já é lei federal. A Constituição Federal, no inciso VII do art.5º,  dispõe e assegura, nos termos da lei,  a prestação de assistência religiosa às entidades de internação coletiva.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero dar apoio integral ao Projeto de V. Exa., com uma emenda, porque a pessoa não tem hora para morrer, e o ministro religioso é importante. Chamo  atenção para o fato de que a rede hospitalar pública municipal é constituída apenas pelo Pronto Socorro. Logo, essa palavra “pública” deve ser retirada.

 

O SR. ELISEU SABINO: Nós acatamos a colocação do Ver. João Dib e vamos tratar  de solicitar a retirada - através de uma subemenda, certamente - da palavra “pública”, ficando rede hospitalar.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu  entendo que, mesmo tendo a palavra “pública”, como nós temos a municipalização da saúde em nosso Município, pública hoje é toda a rede hospitalar que está dentro do Município, desde que esteja conveniada com o SUS. Acredito que toda esta rede é pública. E nós só podemos legislar nesta área.  Eu acho que a palavra “pública” é a rede conveniada, mas a rede conveniada é pública e é municipal.

 

O SR. ELISEU SABINO: Continuando, a apresentação deste Projeto é fruto do conhecimento que temos, porque, como ministro evangélico, sou solicitado para visitações em hospitais a pessoas que realmente têm necessidade. Sabemos de outras entidades religiosas que também buscam essas alternativas Preocupa-nos o fato da limitação na questão do horário. Realmente, essa questão do horário que é apresentada pelo Ver. Gerson Almeida, de certa forma, na Emenda nº 01, restringe um pouco o nosso objetivo. Mas pretendemos, antes de encerrar a discussão, apresentar  uma subemenda que venha atender a solicitação do Ver. Gerson Almeida e também  o nosso objetivo. Porque o Projeto não pode ficar descaracterizado. Na verdade, nós temos dificuldades em algumas instituições da rede hospitalar pública de prestar o nosso trabalho de atendimento religioso.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estava trocando uma idéia com o Ver. Luiz Braz. Realmente, o Projeto de V. Exa. pode  abranger todas as instituições hospitalares da Cidade, uma vez que o dispositivo da assistência religiosa aos enfermos é um princípio constitucional e, na medida em que é um princípio constitucional, qualquer disposição que vise  assegurar esse dispositivo constitucional, do ponto de vista  da legislação municipal,  se aplica  a todas as instituições. Nesse caso, fecharia a subemenda do Ver. João Dib quanto à rede hospitalar.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Eliseu Sabino, o Ver. Luiz Braz inscreve-se e cede o tempo a V. Exa.

 

O SR. ELISEU SABINO: Então, não vamos discutir a necessidade, que é grande, de realizar esse trabalho de visitação aos hospitais. É do nosso conhecimento que, quando estamos com a nossa capacidade física debilitada, nossa vida espiritual precisa de cuidados especiais. Esses cuidados, como já falaram os Vereadores João Dib e Isaac Ainhorn, não têm horário. Todos os que exercem atividades de ministros religiosos são procurados em qualquer horário. Há, realmente, essa necessidade.

 Estamos tentando chegar a um consenso. Desejamos pedir aos nobres colegas que nos dêem a mão para que cheguemos a aprovar este Projeto, que já é lei federal e também estadual. Já existe a lei aprovada na Assembléia Legislativa. Agradeço a atenção. Vamos ver se chegamos lá. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

    

O SR. PRESIDENTE  (Clovis Ilgenfritz): A Mesa defere Requerimento de autoria do Ver. Eliseu Sabino, solicitando que a votação do parágrafo 1º do art.1º da Emenda nº 1 seja em destaque.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para discutir o PLL nº 003/97.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço questão de discutir a matéria para parabenizar o Ver. Eliseu Sabino por esta feliz iniciativa. Não vou discutir a parte técnica nem jurídica do Projeto, mas vou dar o meu testemunho quanto ao mérito.

Nós somos materialistas e só nos lembramos da religião, de Deus, quando, de alguma maneira, a nossa matéria é afetada. Confesso a V. Exas. que tive o meu encontro com Deus aos 18 anos de idade, quando sofri acidente de carro, e,  em  cima de um leito de hospital, é que fui chamar por Deus, longe da minha família; eu estava em Santos, São Paulo. E lá, nos hospitais em que estive internado, havia, e com certeza ainda há, essa prestação de assistência religiosa. Confesso que aqueles amigos que faziam essa assistência, através das irmãs de caridade, do padre, de leigos, de senhoras que participam desse processo, eram muito importantes para minha recuperação. Eu chegava a acordar de manhã e ficar olhando para o relógio para saber o momento exato em  que eu iria receber aquela visita para receber uma palavra de conforto, de paz, de esperança.

Por isso, Ver. Eliseu Sabino, quero dar meus parabéns e dizer que este Projeto vai ser aprovado pela unanimidade da Casa pela alta relevância de seu conteúdo.

Eu gostaria de dizer ao Vereador que continue nessa sua luta de levar a todos os cantos a palavra de fé e de esperança, pois somos muito mais do que aquilo que a nossa matéria parece ser. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Hoje, estamos premiados com visitas importantíssimas.  Agora, chegou aqui para nos convidar para uma homenagem aos 224 anos da Câmara, Srs. Vereadores, o Maestro Frederico Gerling Jr. acompanhado da Sra.  Adriana  de Almeida, que é coordenadora do Centro Municipal da PUC.  Estará sendo executada a estréia da Ópera Carmem no dia  11 de setembro,  às 20h30min.  Eu,  como Presidente,  me emocionei com o convite que foi feito, porque não é apenas um convite para a Câmara participar, mas porque,  durante a estréia da Ópera,  haverá uma homenagem à Câmara Municipal pelos seus 224 anos. Queremos saudar com uma salva de palmas o nosso visitante e a Sra. Adriana. (Palmas.)

 Solicitamos aos Srs. Vereadores que queiram participar desta homenagem e,  em especial,  ver a estréia da Ópera Carmem que façam as suas reservas junto à nossa Assessoria de Relações Públicas. Adianto que alguns convites já foram doados pelos organizadores, mas, quanto aos demais, estaremos fazendo um movimento para reservar  bons lugares; o preço é baratíssimo. Os Srs. Vereadores e funcionários da Casa que quiserem fazer a reserva deverão providenciar logo para que a gente consiga bons lugares antes que vá para a venda ao público. Agradeço muito a presença do Maestro Frederico Gerling  Jr.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir o PLL nº 03/97.

 

O SR. ADELI SELL:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. Discuto o Projeto de Lei do nobre Ver. Eliseu Sabino e começo citando o Parecer do Ver. João Motta, que relata essa matéria na Comissão de Constituição e Justiça, porque me parece que o seu relatório é extremamente positivo e contundente  sobre a matéria.

 Diz o Ver. João Motta:  “Não há dúvida quanto à importância das práticas religiosas para o restabelecimento físico e mental dos seres humanos. No Brasil, tais práticas, sejam elas ligadas à tradição judaico-cristã, sejam oriundas das religiões afro-brasileiras, ou ainda aquelas que resgatam os mitos e crendices de comunidades indígenas, mesclam-se em um mosaico de cultos e procedimentos que procuram desenvolver o que se convencionou chamar de “espírito humano”, universo distinto da realidade material e cotidiana.  Como conseqüência, somos hoje levados a reconhecer que a religiosidade profundamente arraigada em nosso povo acaba por constituir a base de uma cultura de solidariedade, fundamental para que as camadas mais excluídas da população possam construir redes de ajuda mútua”.

 Essa é parte do Parecer do Vereador. É com base nele que inicio minha intervenção para apoiar a proposição do Ver. Eliseu Sabino. A nossa única preocupação, discutida na Bancada do Partido dos Trabalhadores, é que tenhamos a efetivação desses procedimentos sem causar quaisquer prejuízos à condução do trabalho normal das instituições de prestação de serviços na área da saúde. Portanto, quando o Ver.  Gerson Almeida propõe uma emenda, que está sendo discutida e encaminhada no sentido de chegarmos a um denominador comum, é para que haja parâmetros, elementos comuns, convencionados entre aqueles que prestam o serviço religioso e as instituições. É bem verdade que em momentos de gravidade, quando as pessoas pedem por um socorro espiritual, evidentemente o padre, o pastor, enfim, a pessoa que vai prestar a sua solidariedade religiosa terá acesso em qualquer horário e, no caso, já citado, de extrema-unção, é óbvio, é evidente que isso é uma excepcionalidade. Nos casos do cotidiano, diria que deveríamos ter esse cuidado, essa preocupação para que o acesso fosse combinado de comum acordo entre a instituição e aqueles que vão dar essa assistência religiosa.

Nesse sentido, encaminhamos esse Projeto de Lei de forma favorável, porque acreditamos que seja muito importante para as pessoas que estão acamadas, que estão no hospital, muitas delas, como já disse o Ver. Paulo Brum, sem ter alguém mais próximo, de suas relações, de sua família. Mas, independentemente disso, é sempre reconfortante ter o carinho, a compreensão e a palavra daqueles que têm a preocupação de trazer esse alívio, seja físico ou espiritual. Portanto,  nos somamos às preocupações, à intenção e ao processo legislativo proposto pelo Ver. Eliseu Sabino. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLL nº  003/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tranqüiliza-me saber que há outro Vereador inscrito, porque o que mais me motiva a vir à tribuna é a consciência de que, encerrada a discussão, os reparos a serem acertados pelas Lideranças fiquem obstados. E eu concluo, sem muita dificuldade, que há uma aceitação geral da Casa ao Projeto de Lei do Ver. Eliseu Sabino e que todos oferecem algum tipo de contribuição no sentido de que ele possa atingir  plenamente os elevados objetivos que busca. Pessoalmente, Sr. Presidente, eu nem poderia ter outro tipo de posicionamento, eu, que defendo a liberdade como primado maior que o ser humano pode ter, que defendo a liberdade política, econômica e racial, com muito mais razão a liberdade religiosa. Acho que o Projeto do Ver. Eliseu Sabino é universalista na medida em que  não contempla religiões específicas. Ele assegura assistência religiosa àquele que se encontra enfermo e hospitalizado e o faz com a consciência de quem tramita na área e que sabe que até mesmo aos criminosos não é negada a assistência religiosa. Naqueles países onde existe a pena de morte, a última pessoa com o qual o sentenciado tem contato é com o seu assistente religioso.

Então, parece-me, Vereador, que V. Exa. deve ficar muito atento nos próximos minutos, porque eu, por exemplo, quero votar integralmente com a posição de V. Exa. Eu defiro a V. Exa. o condão de conduzir esse processo e me orientar sobre o melhor voto. Eu pretendia, por exemplo,  votar integralmente com o Projeto, desconsiderando a Emenda. Agora sou alertado de que, votando integralmente com o Projeto, corro o risco de não atingir completamente o seu objetivo, ou seja, como alertou o Ver. João Dib,  de que o Projeto fique com extensão mais restrita do que a amplitude que V. Exa. queria dar.

Quero, então, da tribuna, dizer que vou votar solidário com seu voto. Felizmente, o meu voto é depois do seu e eu posso, então, utilizar a “colinha”, caracterizada nos nossos tempos acadêmicos,  e tomar uma posição idêntica a de V. Exa. que, como homem vinculado à vida religiosa, teve a sensibilidade de mexer nesse assunto e merece, de minha parte, até doutrinariamente, a mais absoluta e entusiasta solidariedade na medida em que me parece absolutamente tranqüilo que deva ser assegurada a plenitude da ação dos religiosos nessas horas em que se evita a morte, se mitigam as dores,  em que os médicos têm, não raro, exauridas suas possibilidades e em que o conforto espiritual passa a ter relevância maior, supremacia sobre a ação humana daqueles que tentam, desesperadamente e obstinadamente, protelar os desígnios de vida.               

Conte então V. Exa. com a minha irrestrita solidariedade e fique atento, Ver. Eliseu Sabino, sobre as Emendas, sobre as alterações, enfim,  sobre os remédios  regimentais que o seu Projeto de Lei merece ter a fim de que possa, positiva e objetivamente, cumprir por inteiro a sua finalidade, que é de garantir, em toda a sua extensão, a prerrogativa absolutamente natural de que os enfermos tenham, nos seus leitos hospitalares, assistência religiosa indiscriminada, como muito bem acentuou da tribuna o ínclito Ver. Isaac Ainhorn, até mesmo em função de sua condição de professar uma religião diferenciada da maioria dos que aqui se encontram, mas que reconhece a validade e a eficácia da proposta do Ver. Eliseu Sabino exatamente  nos termos amplos e gerais em que foi proposta. Fique atento, Ver. Eliseu Sabino, para que possamos cumprir o nosso desejo de votar integralmente solidários com V. Exa.. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, realmente, é muito importante este Projeto do ilustre Ver. Eliseu Sabino que assegura aos ministros de todas as religiões o acesso aos hospitais da rede pública para prestação de assistência religiosa. É o momento oportuno, porque - como Ministro da Eucaristia que sou - tenho notícias de que o Hospital de Pronto Socorro, toda vez que muda a sua direção, apresenta problemas com a assistência religiosa. Às vezes, assume um diretor que não professa religião alguma e causa dificuldades imensas à prestação dessa assistência religiosa.

 Acredito, no entanto, Srs. Vereadores, que o Projeto de Lei é completo, amplo e irrestrito e que não seria necessária a Emenda nº 1, pois, normalmente, a assistência espiritual é prestada de acordo com a orientação do hospital, dentro das suas normas, nunca as desobedecendo. Evidentemente que a prestação de assistência extraordinária tem que fugir do horário normal da rede hospitalar. Portanto, sou de parecer que devemos aprovar o Projeto em si e rejeitar a Emenda nº 1. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia, com a palavra,  para discutir.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaríamos, primeiramente, de parabenizar o Ver. Eliseu Sabino por sua brilhante iniciativa. Quem já ficou hospitalizado sabe da valiosa contribuição que, nesses momentos,  uma palavra pode levar a um enfermo. Muitos têm Deus perto de si; outros não o conhecem; mas Deus está sempre de braços abertos para receber a todos. O momento da doença é, mais do que nunca, o momento da receptividade.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu lembrava ao Ver. Pedro Américo Leal o tempo em que o Hospital de Pronto Socorro tinha a presença permanente das chamadas “schwesters”, irmãs que lá permaneciam dando assistência como enfermeiras e também assistência  religiosa - isso na década de 50.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Ao mesmo tempo, eu quero comentar o depoimento do Ver. Paulo Brum, que muito sensibilizou, pelo menos a mim. O momento da doença é um momento de fraternidade e solidariedade, porque é o mais vulnerável do homem: quando ele se defronta consigo mesmo e vê que não é ninguém. Esse é um momento de reflexão. E eu mesmo tive a oportunidade, quando fiquei hospitalizado, há pouco tempo: fiz uma reflexão de vida, e já comentei, nesta Casa, que a minha maior preocupação era como iria trabalhar. Abri a Bíblia e li a passagem que comentava que as aves do céu não plantam e não semeiam, mas nem por isso Deus deixa de alimentá-las. Então, mais do que nunca, é o momento da fé, é o momento de reflexão, convicção e mudança de atitude.

Então, Ver. Eliseu Sabino, Jesus Cristo o iluminou. Esperamos que ilumine a todos para que possamos aprovar por unanimidade o Projeto, porque o Ver. Gerson Almeida dizia, antes, que já houve um consenso. Parabéns! Solicito que seja aprovado o presente Projeto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida,  para discutir  o PLL nº 003/97.

 

O SR. GERSON ALMEIDA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero, também, parabenizar o Ver. Eliseu Sabino. Quero, apenas, discutir as duas Emendas apresentadas, de minha autoria,  a  esse Projeto. Quanto ao mérito da questão e a importância dela, muitos oradores já colocaram com muito mais capacidade e brilhantismo do que eu, até porque, em alguns casos, são conhecedores do tema em questão - assistência religiosa a pacientes -, que não é o meu caso. Então, furto-me a falar mais sobre isso e rendo-me aos argumentos do autor do Projeto e de outros que conhecem mais o tema.

No entanto, as duas Emendas que apresentei têm o sentido ...

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Entendo que as Emendas foram apresentadas por V. Exa. após estudo prolongado, mas as pessoas que estão adoentadas e próximas da morte nos hospitais não têm horário, precisam ser atendidas religiosamente a qualquer momento. E as pessoas que estão em coma também precisam de atendimento religioso, mais do que para ele, paciente, para seus familiares.  Então, as suas Emendas são ditadas pela boa vontade, pela idéia de ajudar, mas não soma, Vereador.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Muito obrigado pelo seu sucinto aparte. Como eu ia dizendo, é preciso organizar as várias vontades e necessidades. Um paciente está no hospital principalmente para receber atendimento médico, para que o motivo da sua internação seja competentemente resolvido. É preciso assegurar a palavra do Senhor, é preciso assegurar o conforto religioso para quem assim entende importante, mas é preciso, sobretudo, um bom atendimento médico. Por isso é que a Emenda nº 1 assegura um horário e a nº 2 abre uma larga exceção, porque poderá ser utilizado um horário diferente daquele desde que duas condições sejam atendidas: 1 - a vontade do paciente ou responsável; 2 - não interferir no atendimento de saúde,  que é o motivo pelo qual ele está lá. Essa formulação estava sendo negociada desde o início, assim como as Emendas foram discutidas com o Vereador proponente.

Quero propor ao Plenário, em acordo com o nobre Ver. Eliseu Sabino, que tiremos a última frase do art. 1º: “(...) caso seja necessário o acesso, deverá ser comunicado pelo responsável da enfermaria”.  Tira-se isso porque, conforme o Ver. Eliseu, é um problema achar ou conseguir esse apoio, mas acresce-se ao art. 2º essa questão, ou seja: “Poderá ser feito fora do horário, desde que o paciente assim o solicite e não tenha interferência no tratamento médico do paciente”. Com isso, parece-me, chegamos a uma excelente solução.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não sou pastor, nem sacerdote, nem rabino, mas tenho um conhecimento mínimo, até por uma questão de bom senso, como V. Exa., de que um atendimento espiritual, em alguns momentos, sobretudo em pessoas mais debilitadas emocionalmente em função da sua condição clínica, constitui-se num complemento da própria assistência médica. Preocupo-me com que qualquer medida que venha a restringir acabe criando entraves ao princípio constitucional e àquilo que o Ver. Eliseu Sabino pretende com o seu Projeto. Muito obrigado.

 

O SR. GERSON  ALMEIDA: Penso que é uma preocupação justa que me parece absolutamente contornável, inclusive com o apoio do autor por essas Emendas acertadas para que essas várias vontades sejam articuladas e não haja prejuízo no atendimento religioso e médico do paciente. Muito obrigado.

     

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra para discutir o PLL nº 003/97.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, saúdo o colega Eliseu Sabino e quero dizer da importância da reflexão que ele, permanentemente,  traz a esta Casa, que é do apoio às pessoas que sofrem. É certo que entre as nossas atribuições principais está a de nos colocarmos ao lado daqueles que são excluídos e daqueles que estão em um momento difícil da sua existência. Sem dúvida que o apoio dos cultos, das religiões, oferece não só o alento, mas a força necessária, muitas vezes, para que a pessoa busque uma esperança no futuro e consiga trabalhar melhor a possibilidade de não permanecer entre nós, se esta for a situação que ela estiver vivendo. É humano, é bonito e justo. Nós precisamos trabalhar nessa perspectiva. Sou, portanto, absolutamente favorável. No entanto, acredito que as Emendas propostas e assinadas pelo Ver. Gerson Almeida em nenhum momento se colocam em contraposição ao Projeto. Aqui me parece que se faz um debate que não é verdadeiro, e peço licença a V. Exas. para dizê-lo.

A Emenda n° 1, proposta pelo Líder da minha Bancada, Gerson Almeida, trabalha a partir do assentimento que o art. 1o estabelece, que é em qualquer período, durante as 24 horas do dia, a prestação de assistência religiosa aos enfermos. O princípio básico é o Projeto do Ver. Eliseu Sabino, apresentado a esta Casa. No entanto, o Ver. Gerson Almeida trabalha com duas questões: a primeira delas é que deverão ser respeitados pelos assistentes religiosos os horários estabelecidos nos hospitais ou instituições da rede hospitalar. Vejam: se já fica estabelecido que são 24 horas, os hospitais deverão somente normatizar esse horário, que poderá ser amplo. É a leitura que faço do Projeto e da Emenda ora em tela.

Quando o Vereador propõe, no parágrafo 2º, que se procure o consentimento do paciente, acho absolutamente correto, e quero compartilhar com os Srs. Vereadores que nós, como Vereadores, precisamos atentar, sem dúvida, a que, se não normatizarmos esta questão, poderemos, no afã de contribuirmos com os diversos cultos, ter, dentro das instituições hospitalares, aquela presença que poderá, num determinado momento, não contribuir da melhor forma. Digo isso porque me parece que a instituição hospitalar precisa ter o poder de regulamentar para otimizar, para garantir que todos possam estar ali dentro, e a questão da regulamentação ser deixada ao hospital  me parece que é a garantia de que todas as instituições poderão estar ali dentro, respeitando os diferentes cultos, as diferentes instituições.

 

O Sr. Paulo Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, para complementar a sua fala, dentro deste espírito, com certeza já existe esta regulamentação do atendimento, tanto por aqueles que prestam assistência religiosa como pelos próprios pacientes. Nós não podemos permitir que se faça  uma interferência nos horários que são reservados para a sua assistência, ou seja, na parte da manhã, a visitação médica, os banhos. Este atendimento tem que ser prestado. Tanto é que os próprios pastores ou as igrejas que fazem esta prestação de serviço já têm a regulamentação dos seus horários. Então, essas Emendas apresentadas pelo Ver. Gerson Almeida vêm definir este Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib se inscreve e lhe cede o seu tempo, uma vez que o Ver. Cyro Martini concorda, pois é o próximo orador inscrito. V. Exa. tem mais cinco minutos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO:  Eu agradeço ao Ver. João Dib pela oportunidade, se bem que a minha fala é uma fala sem pretensão. Eu quero discutir o Projeto do Ver. Eliseu Sabino, sempre saudando a iniciativa do nobre Vereador.

A iniciativa do Ver. Eliseu Sabino traz para a Câmara esta discussão e apresenta a possibilidade das 24 horas. Isso é fundamental, ou seja, no meio da noite, num horário diferenciado, que, quando a pessoa precisar, ela seja atendida. Acho que isso é muito bonito, muito correto, muito humano.

No entanto,  acredito que as Emendas do Ver. Gerson Almeida contribuem, porque nós não podemos sair de uma situação em que não é livre as 24 horas para uma situação de ausência de normatização por parte das instituições hospitalares. Acho que devemos encontrar uma via intermediária. Ou seja: garantir as 24 horas é fundamental, mas, de outro lado, estabelecer que a instituição hospitalar, que os médicos determinarão critérios, de acordo com a situação de cada paciente e com a vida daquela instituição.  Eu tenho certeza de que todos os cultos, todas as religiões compreendem isso de uma forma especial e com bastante respeito, mas nós precisamos entender que, numa instituição hospitalar,  assim como existe a necessidade de diversos cultos, essa normatização deverá ser estabelecida  perguntando-se a cada  paciente qual o tipo de culto que ele professa. É  uma situação de respeito. Se o paciente não professa nenhum culto, ele tem o direito de não querer a presença do religioso.

Creio que temos de reconhecer a boa vontade do Projeto do Ver. Eliseu Sabino e a boa vontade das instituições religiosas, que fazem esse trabalho voluntariamente e que é um trabalho bonito e necessário para a vida, e, ao mesmo tempo, considero que podemos chegar a uma situação intermediária, que seria a aprovação do Projeto do Ver. Eliseu Sabino com as Emendas propostas, que  prevêem que a instituição hospitalar normatizará a presença  das instituições religiosas.

Acredito na possibilidade de que a Câmara, com ponderação, possa aprovar este Projeto para  o bem da Cidade. Agradeço, mais uma vez, ao meu nobre colega Ver. João Dib, pela gentileza de ter cedido o seu tempo para que eu pudesse ter feito este pronunciamento. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Elói Guimarães para discutir.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é inquestionável o valor da iniciativa do Ver. Eliseu Sabino criando um instrumento formal importante para canalizar iniciativas que são da cultura religiosa do nosso povo. É desnecessário dizer que uma palavra de fé, de conforto, não só dada àquele que se encontra em situação difícil é importante, como de resto atinge os familiares e aquelas pessoas que estão vinculadas, ligadas, pelos mais diferentes laços, com a pessoa do paciente. E esta observação eu faço, Pastor e Ver. Eliseu Sabino, porque, quando assistimos à encomendação do corpo, à missa de corpo presente daquelas pessoas que falecem, enfim, ali vem o pastor, seja ele de que religião for, profere palavras e podemos observar, nos parentes do morto, que se sentem confortados com aquelas palavras. Muitos até questionam esse sentimento que muitos têm, e eu tenho, de que a vida não se encerra aqui, que há outros patamares para onde irão as almas etc. Mas mesmo aqueles que têm opiniões materialistas, essas pessoas sentem-se confortadas por entender que aquilo é um gesto de dignidade, de carinho, de amor àquele transe difícil naqueles momentos de encomendação, e, muitas vezes, em volta da cama do paciente que está sofrendo. Então, eu cumprimento V. Exa. pelo Projeto.

A Emenda de autoria do Ver. Gerson Almeida, o § 2º, já me parece que está incorporada no Projeto de V. Exa., porque, quando fala em prestar assistência religiosa, presume-se, evidentemente, que haja uma aceitação, na pior das hipóteses uma aceitação, senão o pedido que, via de regra, é conduzido pelos familiares. Ademais, a limitação dos horários, Ver. Gerson Almeida, pode entregar à mão da instituição hospitalar um certo arbítrio que não enseje o espírito do Projeto, que é exatamente  o de atender, naqueles momentos solicitados, o paciente.

Considero que a regulamentação se dá, inquestionavelmente, numa relação fática que se estabelece entre o paciente, os familiares, a própria direção do hospital, os assistentes, os médicos, os enfermeiros. Dispensável, se me afigura, estabelecermos que o hospital deve determinar a referida regulamentação, porque, em entregando-se à direção da instituição a regulamentação, essa poderá não encarnar, na sua profundidade, a essência do presente Projeto, que é exatamente a de atender o paciente naquele determinado momento, o que fica muito difícil de ser regulamentado. Que critérios adotará a instituição para regulamentar? Essa regulamentação será interna, não formal, não objetivamente produzida, mas será uma regulação que se dá  naquele ambiente que, via de regra, existe nessas relações que se estabelecem com o hospital, com o paciente, com os familiares, com o serviço médico etc.

Inclino-me a votar pelo Projeto, sem as Emendas. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Informamos a retirada do Requerimento de solicitação de destaque parágrafo 1º do art. 1º da Emenda nº 01. Informamos que foi deferido Requerimento solicitando destaque da expressão “pública”, que consta no art. 1º do Projeto e da ementa.

O Ver. Renato Guimarães deseja fazer um Requerimento.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES  (Requerimento):  Sr.  Presidente, nós fomos informados que está ocorrendo, neste momento, um motim no Instituto Central de Menores da FEBEM. A informação que nos deram é de que a situação é muito crítica. Estamos solicitando à Presidência que determine uma representação, através da Comissão de Direitos Humanos da Casa, para acompanhar os acontecimentos.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicitamos que a Presidente da Comissão, Vera. Maria do Rosário, se manifeste a respeito.

 

A SRA.  MARIA DO ROSÁRIO: Certamente, Sr. Presidente, se a Casa assim deliberar, nos faremos presentes e eu convidaria outros Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: A Presidência deixa o assunto para decisão do Plenário e adianta que devem acompanhá-los funcionários do Serviço de Segurança, Imprensa e que colocaremos transporte à disposição dos Senhores.

Com a palavra, o Ver. Hélio Corbellini para discutir.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando o antropólogo, físico e sacerdote Theillard Chardin,  em suas pesquisas na China,  chegou à conclusão de que todo o homem busca, incessantemente, o ponto alfa, que é o encontro com Deus, isso, lá quando nós tínhamos 17 anos, me marcou. E eu, hoje,  como já em outras Sessões, estou ouvindo, Sr. Presidente, com atenção o debate que ora nós estamos aqui  travando.

Eu já fui cristão romano e acreditava que todos aqueles que não o fossem iriam para o inferno. Depois passei a ser cristão e também considerava que as outras fés, as outras crenças iriam  para o inferno. Passei pela minha fase ecumênica e minha fase agnóstica. Mas hoje me volto para o Theillard Chardin, quando ele diz que, em cada nascimento, a consciência do universo se aproxima de Deus e, em cada morte,   também, porque necessariamente um homem, quando vive, de alguma forma, na sua obra,  vai-se aproximar da consciência universal de Deus. Eu fico pensando,  neste debate, sobre  tudo o que ouvi.  Será mesmo,  considerando  tudo o que ouvi aqui  - de que a espiritualidade é uma dimensão do homem; eu acredito hoje -,  que nós temos de burocratizar também a espiritualidade?  Será mesmo que nós temos,  quando discutimos a espiritualidade, quando discutimos a fé - e estamos discutindo a paixão -,  temos que colocar as regras? Então, meus companheiros Vereadores, é importante, sim. É uma dimensão a espiritualidade ou não é? É sim. Vamos votar, meus companheiros.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero expressar a minha satisfação por integrar uma Câmara Municipal em que se possa ouvir uma manifestação como a que ouvi de V. Exa. agora, e não usando todo o tempo que seria possível usar. Quero cumprimentar V. Exa. apesar de não ter sido ouvido por todos.

 

O SR. HÉLIO CORBELLINI: É bondade sua. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero citar a presença, nesse Plenário, do ex-Presidente do CPERS/Sindicato, Prof. Paulo Egon.

 Tem a palavra o Ver. Cláudio Sebenelo para discutir o PLL nº 003/97.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de contribuir para essa discussão com o testemunho de um trabalho feito no Grupo Hospitalar Conceição e que, indiscutivelmente, é um assunto polêmico, extremamente interessante de ser abordado.

O Ver. Hélio Corbellini tocou num ponto crucial, objetivamente, que é a indispensável assistência, que não deve ser burocratizada, deve ser aberta. Todas as pessoas devem usufruir a qualquer hora do dia ou da noite. É absolutamente compreensível que o bom senso deve presidir essas relações. Isso é: no momento em que é necessária a franquia por parte das direções dos hospitais, a assistência religiosa deverá se fazer naturalmente, com a discrição que o momento ...

 Sr. Presidente: não vou concluir o meu discurso, porque ninguém se interessa por ele! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede a V. Exa. que permaneça na tribuna. Está havendo dificuldades para o serviço de taquigrafia. Não é possível nós trabalharmos assim. O Ver. Cláudio Sebenelo tem toda a razão. A Mesa fica numa situação desconfortável por estar pedindo silêncio a todo instante - afinal de contas, não é esse o papel do Presidente.

Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a prorrogação permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com voto contrário dos Vereadores João Dib, Pedro Américo Leal e Carlos Garcia.

Em votação o PLL nº 003/97, de autoria do Ver. Eliseu Sabino, com ressalva do destaque da palavra “pública”, constante na ementa e no art. 1º do Projeto. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Projeto permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO  por unanimidade.

A Mesa esclarece que o Projeto foi aprovado sem a palavra “pública”. Vamos votar se a palavra “pública” volta ao texto ou não.

Em votação a palavra destacada. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA, com uma abstenção. 

Em votação a Emenda nº 01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)  APROVADA,  com votos contrários dos Vereadores João Dib. Pedro Américo Leal e  João Nedel.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem):  A Emenda nº 1 é a que estabelece que deve haver horário de visitação?

 

O SR. PRESIDENTE: Sim.

 

O SR. ISAAC AINHORN:  Solicito verificação de votação ao resultado da votação da Emenda nº 01.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, mas o resultado da votação já foi apregoado.

                

O SR. PRESIDENTE:  Devido à controvérsia e ao burburinho que se instalou, neste momento, neste Plenário, com a palavra o Sr. 1º Secretário para chamada nominal a fim de procedermos à verificação de votação, a Requerimento do Ver. Isaac.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Sr. Presidente, pergunto a V. Exa. se  posso fazer um relato do que já apuramos acerca do motim no ICM,  neste momento. Ou V. Exa. recomenda que o relato seja feito depois da votação?

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. vai julgar se há urgência ou se pode esperar cinco minutos.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Posso esperar, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, vamos esperar. Em votação, a Renovação de Votação da Emenda nº 01 ao PLL  nº 003/97. (Após a chamada.) APROVADA a Emenda nº 01 ao PLL nº 003/97 por 18 votos  SIM, 10 votos NÃO.

 Em votação a Subemenda 01 à Emenda 01. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA,  com voto contra do Ver. João Dib.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esta Casa, sensível aos grandes debates nacionais que dizem respeito ao Estado e ao Município, como V. Exa. acabou de anunciar, tem programado para este local, às 18h30min, uma reunião em que serão colhidos importantes depoimentos que dizem respeito à privatização do Banco Meridional. Há um consenso entre as Lideranças de que os trabalhos sejam levantados, uma vez que já é manifesta a falta de quórum, para que possamos recepcionar nossos convidados e dar margem para que se desdobrem normalmente os trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a sua Questão de Ordem como um Requerimento.

 Há uma informação importante que a Presidente da Comissão de Direitos Humanos precisa dar.  Está com a palavra a Vera. Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, falo no sentido de prestar contas ao Plenário da delegação que tivemos, a partir da fala do Ver. Renato Guimarães, acerca do motim no ICM da FEBEM. De fato, a situação foi bastante grave durante a tarde. Tivemos esse relato do Assessor da Presidência da FEBEM, Sr. João Jorge, a partir da iniciativa do Ver. Antonio Hohlfeldt. Segundo o relato do Sr. João Jorge, mais de 20 funcionários da FEBEM estiveram imobilizados como reféns. Neste momento, através do Ver. Renato Guimarães, tivemos notícia de que cinco meninos e monitores estão no Hospital de Pronto Socorro e também que o final desta tarde foi um momento em que a Brigada Militar interveio dentro do ICM através do GATE e de grupos especiais de ação da própria Brigada Militar. Esteve, também, entre os reféns o Diretor Administrativo, que é o Sr. Cauduro. Nós estamos aguardando um novo contato da Sra. Regina, Diretora Executiva, acerca dos acontecimentos ocorridos no final da tarde.

 Assim que concluirmos esse trabalho, esta Vereadora estará à disposição da Presidência da FEBEM, representando a Casa, para que tenhamos um momento de maior tranqüilidade para os adolescentes, para os funcionários e para todos os que sofrem neste momento difícil.

 

O SR. PRESIDENTE: Quero dizer aos demais Vereadores que mantemos aquela posição anterior de colocar à disposição a infra-estrutura da Câmara, através de carro e de serviços que poderemos prestar, através da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, com jornalista, fotógrafo e segurança, podendo requisitá-los a qualquer momento para visitar a FEBEM em nome da Câmara e desta Presidência.

Queremos saudar a todos que já estão presentes para a reunião que acontecerá a seguir,  em especial ao Prefeito Olívio Dutra.

Estão encerrados os trabalhos. 

 

(Encerra-se a Sessão às 18h35min.)    

 

* * * * *